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Vítimas de acidente em fábrica em Bangladesh exigem indenização

Eles realizaram uma manifestação nesta quinta-feira, um ano após o acidente



As famílias dos 140 trabalhadores desaparecidos aderiram ao movimento, pedindo ajuda ao governo para encontrar os corpos. Várias crianças participaram do cortejo, com fotos de mães ausentes. "Eu quero o corpo da minha filha. Desta forma, teria um pequeno consolo", declarou, chorando, Minu Begum, mostrando a foto de sua filha Sumi, que trabalhava em um dos ateliês do prédio.

Pela primeira vez desde o acidente, o acesso ao prédio foi autorizado. Alguns sobreviventes, aos prantos, guardaram para si punhados de terra, enquanto outros oravam. Foram registrados confrontos na capital. A polícia utilizou gás lacrimogêneo para dispersar os quase dois mil manifestantes, que atiraram tijolos, exigindo melhores salários e indenizações mais elevadas.

Quase 20 fábricas fecharam as portas para evitar distúrbios, segundo a polícia. Para marcar o primeiro aniversário do desabamento do edifício, ONGs e sindicatos denunciaram a atitude de 29 redes varejistas de vestuário, incluindo Benetton, Auchan, Carrefour e Mango, suspeitas de produção terceirizada no prédio Rana Plaza.

"Estas marcas abandonaram os trabalhadores pela segunda vez", escreveu Ineke Zeldenrust, da organização Clean Clothes Campaign em um comunicado. Os distribuidores "não estão preocupados com a segurança das fábricas das quais compram e agora abandonam os sobreviventes e as famílias que perderam entes queridos", acrescentou.

Para a coordenação dos sindicatos IndustriALL, os distribuidores forneceram "contribuições lamentavelmente insuficientes" ao fundo de indenização criado para ajudar os feridos e as famílias dos mortos. Apenas 15 milhões de dólares foram arrecadados dos 40 milhões prometidos para este fundo.

O desabamento da Rana Plaza matou 1.138 trabalhadores e feriu outros dois mil, revelando as condições de segurança deploráveis nas fábricas e os baixos salários. O desastre forçou os distribuidores ocidentais a iniciar inspeções de segurança e o governo a aumentar o salário mínimo.