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Rússia ameaça responder caso seus interesses na Ucrânia sejam atacados

A ameaça foi formulada pelo ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov

Slaviansk - A Rússia advertiu nesta quarta-feira que responderá caso seus interesses na Ucrânia sejam atacados, num momento em que rebeldes pró-russos do leste da Ucrânia enfrentam uma operação militar antiterrorista lançada pelo governo pró-ocidental de Kiev.

A ameaça foi formulada pelo ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, que lembrou a guerra de 2008 com a Geórgia, apenas algumas horas após os Estados Unidos anunciarem o envio de mais efetivos militares à Europa oriental.

"Se nossos interesses, nossos interesses legítimos, os interesses dos russos forem atacados diretamente, como ocorreu, por exemplo, na Ossétia do Sul (território separatista na Geórgia), não vejo outra forma de responder, de acordo com o direito internacional", declarou Lavrov à rede de televisão RT."Um ataque contra os cidadãos russos é um ataque contra a Rússia", acrescentou.



Em 2008, uma breve guerra opôs Rússia e Geórgia, após a qual Moscou reconheceu dois territórios separatistas pró-russos neste pequeno país do Cáucaso, Ossétia do Sul e Abecásia. Além disso, a Rússia reiterou nesta quarta-feira que o governo de Kiev tem que retirar suas tropas do leste da Ucrânia para permitir "o início de um verdadeiro diálogo interno no qual todas as regiões e formações políticas ucranianas participem", indicou o ministério das Relações Exteriores russo.

Lavrov também disse que a realização de eleições presidenciais antecipadas em 25 de maio, na Ucrânia, seria "destrutiva" sem um acordo com os pró-russos.

Por sua vez, o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, admitiu nesta quarta-feira que "a cada dia que passa (...) se torna mais difícil encontrar uma solução" para a situação na Ucrânia, e a Otan expressou sua "preocupação" com as ameaças russas.

Kiev reivindica libertação de uma cidade

O ministério do Interior da Ucrânia anunciou nesta quarta-feira ter libertado uma cidade no leste do país que estava nas mãos dos separatistas pró-russos, no âmbito de sua operação antiterrorista.

A cidade de Sviatoguirsk, a vinte quilômetros de Slaviansk, foi "libertada", indicou o ministério em um comunicado, no qual informou que a operação não deixou vítimas.

O presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchynov, havia ordenado na noite de terça-feira a retomada da operação antiterrorista contra os separatistas do leste do país, após a descoberta de dois corpos com sinais de tortura.

A operação havia sido suspensa no período de Páscoa, depois de ter se convertido em fracasso para as tropas ucranianas mobilizadas no leste do país: alguns tanques passaram para controle pró-russo e outros precisaram dar meia volta depois de serem bloqueados pela população.

Lavrov também respondeu a esta situação nesta quarta-feira, acusando os Estados Unidos de dirigir as ações das autoridades de Kiev.

"Haviam anunciado a suspensão do que chamavam de ;operação antiterrorista;, mas agora que (o vice-presidente americano) Joe Biden viajou a Kiev, dizem que a operação é reativada", afirmou o ministro russo à RT.

"Não tenho nenhuma razão para não acreditar que os americanos dirigem este espetáculo da maneira mais direta", lançou.

O anúncio da nova ofensiva antiterrorista foi feito poucas horas após o fim da visita de Biden a Kiev.

Além isso, após a partida de Biden, os Estados Unidos anunciaram a mobilização de cerca de 600 soldados na Polônia e nas repúblicas bálticas. Uma companhia de 150 soldados das 173; Brigada Aerotransportada do Exército americano baseada na Itália chegou à Polônia nesta quarta-feira e outros 450 soldados serão enviados à Estônia, Lituânia e Letônia nos próximos dias.

Jornalista americano sequestrado

Slaviansk, cidade de mais de 100.000 habitantes ao norte de Donetsk, está controlada por homens armados, alguns deles encapuzados e portando uniformes sem insígnia. Converteu-se no reduto dos separatistas pró-russos do leste da Ucrânia.

A situação era tranquila nesta quarta-feira em Slaviansk, onde homens encapuzados, aparentemente desarmados, montavam guarda diante da prefeitura, cercada de barricadas.

[SAIBAMAIS]O autoproclamado prefeito Viatcheslav Ponomarev - que pediu ao presidente russo Vladimir Putin que envie tropas para proteger os pró-russos - decretou um toque de recolher desde domingo, após um tiroteio que deixou ao menos três mortos.

Nesta mesma cidade de Slaviansk estaria detido desde terça-feira Simon Ostrovsky, jornalista americano que trabalha para o site Vice News.

"Estamos muito preocupados pelas notícias sobre o sequestro de um jornalista de nacionalidade americana em Slaviansk, Ucrânia, que estaria nas mãos de separatistas pró-russos", declarou a porta-voz do Departamento de Estado, Jennifer Psaki, em um comunicado.

A Vice News indicou que estava em contato com o departamento de Estado americano para garantir sua segurança.

"Convocamos a Rússia a utilizar sua influência nestes grupos para garantir a libertação imediata e segura de todos os reféns no leste da Ucrânia", insistiu a porta-voz da diplomacia americana.

"Comunicamos nossas inquietações aos responsáveis ucranianos que trabalham com as autoridades locais para tentar trazer a calma a Slaviansk e aos seus arredores", completou.