Seul - A polícia prendeu nesta segunda-feira mais quatro tripulantes da balsa que naufragou na semana passada na Coreia do Sul, depois que a presidente do país criticou com veemência a atitude do capitão e de seus oficiais que abandonaram a embarcação com centenas de passageiros. O número confirmado de mortos subiu para 87, mas 215 pessoas ainda são consideradas desaparecidas.
"Os atos do capitão e de certos membros da tripulação são totalmente incompreensíveis, inaceitáveis e equivalem a um homicídio", declarou a presidente Park Geun-hye. "Não apenas eu, todos os sul-coreanos estão com o coração partido, chocados e revoltados", completou.
[SAIBAMAIS]As operações de resgate de corpos prosseguiam nesta segunda-feira na balsa. Nesta segunda-feira, a polícia prendeu três oficiais e um mecânico, que serão interrogados sobre as circunstâncias da tragédia.
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No sábado, a polícia prendeu o capitão Lee Joon-seok e dois membros da tripulação, um deles um oficial subalterno com pouca experiência e que estava no timão no momento do acidente. Os três são acusados de negligência, falhas na segurança dos passageiros e violação do código marítimo.
A transcrição, publicada no domingo, da comunicação com as autoridades marítimas mostra uma tripulação aterrorizada, incapaz de tomar uma decisão quando a balsa "Sewol", imobilizada após um choque, afundava.
As autoridades ordenaram à tripulação que garantisse que todos usavam coletes salva-vidas, enquanto a bordo a tripulação perguntava com angústia crescente quando chegariam os barcos de resgate. "Que coloquem pelo menos um colete salva-vidas para que possam flutuar. Imediatamente", gritou um coordenador em terra.
Cada vez fica mais evidente que o capitão do barco, Lee Joon-seok, de 59 anos e muito experiente, atrasou de maneira demasiada o processo de evacuação da balsa e depois abandonou à própria sorte os passageiros.
Ele abandonou a balsa quando centenas de pessoas permaneciam presas, segundo a presidente do país. "Isto supera completamente a imaginação, do ponto de vista legal e moral", declarou Park.
A investigação examinará todas as partes envolvidas, dos inspetores de segurança até a tripulação, passando pelos donos da balsa. Com a embarcação imobilizada, os passageiros receberam ordem de permanecer parados por mais de 40 minutos, segundo os relatos de sobreviventes.
Quando a balsa começou a naufragar era muito tarde para deixar a embarcação. Os passageiros não conseguiam caminhar pelos corredores deslizantes, inclinados, enquanto a água dominava tudo. "Minutos preciosos perdidos de maneira absurda", afirma o jornal Dong-A Ilbo.
Para reconstituir os acontecimentos, os investigadores recuperam centenas de mensagens enviadas pelos passageiros, em sua maioria adolescentes. Uma mensagem divulgada pouco depois da catástrofe foi enviada por uma jovem ao pai, identificado com o nome de Shin.
"Papai, não se preocupe. Estou com o colete salva-vidas e estou com outras garotas. Estamos no barco, no corredor", afirma a mensagem. Depois que o pai ordenou que ela saísse de qualquer jeito, era muito tarde. "Papai, não posso. O barco está muito inclinado. O corredor está lotado", escreveu na última mensagem.
As famílias dos mortos e desaparecidos criticam muito a reação do governo após o naufrágio, pois consideram que as equipes de resgate demoraram muito a entrar na balsa, totalmente submersa.