Simferopol - O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou nesta segunda-feira que assinou um decreto sobre a reabilitação dos tártaros da Crimeia, uma comunidade reprimida sob o regime de Stalin, em um gesto em favor desta minoria muçulmana hostil à anexação da região à Rússia.
"Eu gostaria de informar que assinei um decreto sobre a reabilitação dos tártaros da Criméia, dos armênios, alemães, gregos, e de todos aqueles que sofreram com a repressão stalinista", anunciou no início de uma reunião do governo.
Este decreto, disponível no site do Kremlin, inclui medidas "para o desenvolvimento das autonomias culturais nacionais, para o acesso à aprendizagem de línguas dos povos oprimidos, o desenvolvimento de sua arte e empresas locais e para o seu desenvolvimento sócio-econômico".
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[SAIBAMAIS]Os tártaros da Crimeia, que representam aproximadamente 12% da população da península ao sul da Ucrânia, boicotaram o referendo de 16 de março, que resultou na anexação da Crimeia à Rússia.
Esta comunidade vê com cautela Moscou desde que Joseph Stalin, que os acusava de colaborar com os alemães, ordenou sua deportação em massa para a Ásia Central no final da Segunda Guerra Mundial.
Eles foram autorizados a retornar à Crimeia apenas após a perestroika, no final da era soviética. A Ucrânia nunca aprovou uma lei sobre sua reabilitação e os tártaros ainda enfrentam problemas de posse da terra.
A Rússia adotou uma lei em 1991 para a reabilitação dos povos reprimidos, concedendo direito à indenização. Como reação à assinatura do decreto por Putin, Nariman Djelial, vice-presidente do Mejlis, a assembleia representativa dos tártaros da Crimeia, expressou cautela.
"Dizer que o Majlis e os tártaros da Crimeia receberam com alegria e entusiasmo é pura fantasia", disse. "Trata-se de um conjunto de diretrizes que já ouvimos mais de uma vez, inclusive das autoridades ucranianas. Levando isto em consideração, os tártaros da Crimeia preferem manter cautela", explicou.
"Vamos esperar a aplicação prática" do decreto, acrescentou. Após a anexação da península, Vladimir Putin prometeu fazer gestos em favor dos tártaros da Crimeia, uma comunidade de aproximadamente 300.000 pessoas.