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Mulher que já teve cinco maridos envenenados nega participação em crimes

Dois deles foram hospitalizados em estado grave, enquanto os demais morreram. Ronald Gallo, advogada de Manuela Gonzalez, exige a libertação de sua cliente

Grenoble - Manuela Gonzalez, de 53 anos, apelidada de "viúva negra", negou nesta segunda-feira (14/4), no primeiro dia de seu julgamento em Grenoble (Alpes franceses), ter matado seu marido, cujo corpo foi encontrado queimado em seu carro em 2008. "Eu contesto os fatos. Continuo a dizer que sou inocente", declarou a acusada. A ex-monitora de auto-escola está presa desde março de 2010.

Ela responde pelo assassinato de seu marido em condições que lembram o estranho envenenamento de quatro outros maridos, dois deles mortos de forma violenta. No dia 31 de outubro de 2008, o corpo carbonizado de Daniel Cano, de 58 anos, foi encontrado no banco de trás de seu veículo incendiado, próximo à residência do casal em Is;re (Alpes).

A investigação concluiu que o incêndio foi voluntário e as análises toxicológicas revelaram a presença de três soníferos diferentes no sangue da vítima. Durante as investigações, os policiais descobriram as tensões entre Daniel Cano e Manuela Gonzalez, adeptos de jogos de azar.

Ao investigar o passado de Manuela Gonzalez, eles descobriram que quatro outros de seus maridos foram vítimas de intoxicações suspeitas. Dois deles foram hospitalizados em estado grave, enquanto os demais morreram. Ronald Gallo, advogada de Manuela Gonzalez, exige a libertação de sua cliente e a anulação do julgamento, o que a corte negou.



Falando com desenvoltura, esta mulher se definiu como "uma pessoa como todo mundo". "Eu sou como todo ser humano que trabalha para sobreviver, para pagar suas dívidas", disse. Já o psicólogo Gerard Poussin falou de uma "personalidade estranha ou de origem (...) muito evasiva, que permanece em parte um mistério".

E um investigador descreveu Gonzalez como "uma mulher secreta e misteriosa", com "duas personalidades distintas e compartimentada". "Não tenho nenhum segredo (...), nada. Eu sou eu mesma", respondeu Gonzalez firmemente, tomando notas durante as declarações para corrigir seus "erros".

François Leclerc, advogado das vítimas, disse à margem da audiência que não havia "provas incriminatórias suficientes para provar a culpa" da acusada. Quinta de uma família de oito filhos de origem espanhola, Manuela Gonzalez pode ser condenada à prisão perpétua. O veredicto é esperado para sexta-feira (18/4).