Jornal Correio Braziliense

Mundo

Ativistas pró-Moscou do leste da Ucrânia pedem ajuda ao presidente russo

Diante de ataques, aparentemente coordenados, o país é mais do que nunca ameaçado por uma secessão entre o leste de língua russa e o centro e oeste voltados para a Europa



Washington teve que admitir que o chefe da CIA, John Brennan, viajou a Kiev durante o fim de semana. A Casa Branca afirma que a visita tinha sido organizada com bastante antecedência. Mas Moscou denuncia um conluio com as autoridades ucranianas, que chegaram ao poder após a destituição do presidente pró-russo Viktor Yanucovytch, no fim de fevereiro.

Na Ucrânia, apesar de Kiev ter anunciado uma "grande operação antiterrorista" para recuperar o controle, centenas de manifestantes pró-russos atacaram e tomaram as sedes da polícia e da prefeitura de Gorlivka, cidade de 250.000 habitantes na província de Donetsk, que faz fronteira com a Rússia.

Nenhuma atividade militar ucraniana foi observada nas diferentes partes da região até o momento.

Possível referendo

Em Slaviansk, cidade símbolo das recentes tensões onde grupos armados pró-russos ocuparam no sábado edifícios da polícia e dos serviços de segurança, a situação permanece sob o controle dos insurgentes.

"Pedimos à Rússia para nos proteger e não para permitir o genocídio do povo de Donbass (leste da Ucrânia). Pedimos ao presidente Putin que nos ajude", declarou um de seus líderes, Viacheslav Ponomarev.

Em frente à prefeitura de Slaviansk é possível observar uma dúzia de homens armados, vestindo o mesmo uniforme e com ar muito profissional. Outros, a bordo de caminhões militares, fortalecem as defesas em torno da cidade, com equipamentos de guerra, baterias anti-aéreas e anti-tanques.

No centro da cidade, mil pessoas se reuniram, prometendo permanecer no local até que haja um referendo sobre a anexação à Rússia.

Os pró-Moscou exigem a anexação, ou pelo menos uma "federalização" da Constituição da Ucrânia para dar mais poderes às regiões.

Pela primeira vez, o presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchynov, aceitou a possibilidade de um referendo para determinar o status político do país, como resposta às tensões com o leste pró-Moscou.

A mudança inesperada aconteceu poucas horas depois do fim do prazo do ultimato apresentado por Turchynov aos separatistas para que entregassem as armas e abandonassem os prédios públicos ocupados no sudeste do país.

"Tenho certeza de que a maioria dos ucranianos se pronunciará a favor de uma Ucrânia indivisível, independente, democrática e unida".

Mas, ao contrário da sugestão do presidente ucraniano sobre um possível referendo nacional, os manifestantes separatistas exigem consultas locais, que teriam mais chances de resultados favoráveis.

Turchynov também pediu que a ONU se junte à "operação antiterrorista" do exército no leste do país, durante uma conversa telefônica com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Este apelo tem poucas chances de ser seguido, já que a Rússia tem direito de veto no Conselho de Segurança da ONU.

Os ocidentais acusam Moscou de instigar os distúrbios, citando semelhanças com o que ocorreu em março na Crimeia, anexada à Rússia após a intervenção de grupos armados russos.

Moscou rejeita qualquer responsabilidade pela escalada da tensão.