O incêndio, iniciado na tarde de sábado, queimou 850 hectares até o momento. Ele tem um perímetro de 22 quilômetros e quase seis quilômetros de comprimento, segundo a Corporação Nacional Florestal (Conaf). As chamas afetaram uma área onde muitas pessoas vivem em casas de madeira e feitas de outros materiais frágeis, algumas sem licença de construção.
A região do porto de Valparaíso, declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2003, permanecia a salvo das chamas.
Perda total
Na escola Grecia, um dos oito abrigos para os atingidos, Carlos Gaona disse ter dormido pouco, "por causa das sirenes dos bombeiros e das pessoas que continuam chegando".
"Perdemos tudo. Somos uma família de sete pessoas, e a primeira noite no abrigo foi triste. Principalmente para as crianças que nunca tinham passado por isso, mas nos trataram bem", declarou Ericka Cáceres à AFP .
Muitas pessoas perderam todos os seus pertences no incêndio, devido à rápida propagação e à complexa geografia da região. Além disso, também contribuiu para a tragédia o acúmulo de lixo no topo das colinas, onde começou o fogo.
Os chilenos se mobilizaram pelas vítimas de Valparaíso.
Os moradores da cidade que não foram atingidos ajudaram os necessitados, distribuindo água, comida e roupas.
Também foram organizadas nesta segunda partidas de futebol beneficentes e campanhas para cuidar dos animais feridos. O Twitter ficou cheio de mensagens de apoio, com a hashtag #FuerzaValpo.
Dupla reconstrução
No domingo, foi declarado estado de catástrofe, medida de exceção que permite que as Forças Armadas assumam a segurança, que será mantida pelo tempo que for necessário, de acordo com o governo.
Em relação aos 8.000 desabrigados, estão sendo estudadas as possibilidades de se construir casas de emergência e oferecer ajuda financeira e psicológica.
O governo se comprometeu também a seguir "trabalhando simultaneamente na ajuda e no plano de reconstrução no norte", mais precisamente na região de Tarapacá, atingida por um terremoto de 8,2 de magnitude há duas semanas.
Apesar das tragédias, Bachelet pretende manter o cumprimento das 50 medidas anunciadas para seus 100 primeiros dias de governo. Entre elas, está o pontapé inicial a seu ambicioso programa de reformas, na educação, na área tributária e na Constituição.