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Atentado em mercado popular de Islamabad, no Paquistão, deixa 22 mortos

A explosão abriu uma cratera no chão de 1,5 metro de diâmetro, segundo testemunhas

Islamabad - A explosão de uma bomba que estava escondida em uma caixa de frutas deixou pelo menos 22 mortos e quase 100 feridos nesta quarta-feira em um mercado de Islamabad, no atentado mais violento desde 2008 na capital paquistanesa.

Durante a manhã desta quarta-feira, uma multidão percorria o mercado de frutas do bairro de I-11, na periferia da cidade, quando uma bomba de quase cinco quilos escondida em uma caixa explodiu, o que provocou uma cratera de um metro e meio de diâmetro.

Um jornalista da AFP no local viu poças de sangue e pedaços de corpos espalhados pelo mercado a céu aberto, que foi isolado pela polícia e por forças antiterroristas.

"A explosão aconteceu por volta das 8H00, os corpos literalmente voaram pelo ar", declarou Muhamad Tahir, comerciante que trabalha no mercado. Jair Ulah não conteve as lágrimas ao saber da morte do irmão, que trabalhava no local.

[SAIBAMAIS]

"O balanço total é de 22 mortos e 96 feridos", declarou Javed Qazi, vice-diretor do hospital PIMS, que recebeu a maioria das vítimas.

"Uma bomba de fabricação caseira de quatro ou cinco quilos explodiu no mercado quando quase 2.000 pessoas estavam no local", declarou Muhamad Khalid Khattak, comandante de polícia de Islamabad.

O atentado, que não foi reivindicado, é o mais violento cometido em cinco anos na capital Islamabad, que geralmente fica à margem dos conflitos no restante do país.

No Paquistão, os atentados costumam afetar Karachi (sul), as áreas de fronteira com o Afeganistão e a província instável do Baluchistão, onde 15 pessoas morreram na terça-feira em um atentado em um trem.

Cessar-fogo?

O ataque ocorre no momento em que o governo em Islamabad e os rebeldes do Tehreek-e-Talibã Paquistão (TTP) - uma coalizão de grupos islâmicos armados - observam um cessar-fogo com o objetivo de promover as negociações de paz.

O porta-voz do TTP, Shahidullah Shahid, negou envolvimento no ataque. "Não matamos civis inocentes, o governo deveria prender os culpados e encontrar a mão invisível que está por trás dos atos", declarou à AFP.

Os insurgentes prolongaram na semana passada o cessar-fogo até 10 de abril e pediram ao governo a libertação de 300 partidários.

Mas analistas paquistaneses são céticos sobre as negociações e consideram que as duas partes tentam, sobretudo, ganhar tempo ante a retirada, nos próximos meses, das forças da Otan do Afeganistão.

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Além disso, as demandas dos insurgentes talibãs, como a aplicação da versão rigorosa da lei islâmica, dificilmente serão aceitas pelo governo. Também existem divergências importantes no TTP sobre a conveniência de negociar com o governo.

Uma facção dissidente do TTP, o Ahrar ul-Hind, já violou o cessar-fogo no mês passado em um ataque contra um tribunal de Islamabad que deixou 11 mortos.