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Ucrânia tenta retomar controle do leste do país ante ameaça separatista

Forças de segurança e forças especiais do Ministério do Interior ucraniano iniciaram na segunda-feira uma operação "antiterrorista" em Kharkiv

Donetsk - A Ucrânia anunciou nesta terça-feira (8/4) que tratará como "terroristas e criminosos" os separatistas pró-Moscou que ocupam edifícios oficiais no país, apesar da pressão da Rússia, que advertiu para o risco de uma guerra civil. Na troca de advertências, a Otan alertou a Rússia para as "graves consequências" de uma intervenção na Ucrânia, que seria, segundo a Aliança Atlântica, um grave "erro histórico".



Os manifestantes pró-Moscou exigem a organização de referendos sobre uma "federalização" da Ucrânia ou sobre a anexação das regiões à vizinha Rússia, aumentando os temores de repetição do cenário da Crimeia, uma península ucraniana que votou por sua adesão à Rússia.

[SAIBAMAIS]Guerra civil

O presidente russo, Vladimir Putin, que se comprometeu em proteger "a qualquer preço" a população de língua russa da Ucrânia, mobilizou na fronteira quase 40 mil homens, o que aumentou o temor de invasão. A Rússia apelou às autoridades de Kiev pelo fim de qualquer preparativo de intervenção militar nas regiões pró-Moscou do leste da Ucrânia, com uma advertência sobre o risco de guerra civil.

O ministério russo das Relações Exteriores afirmou que tem informações sobre a presença de 150 funcionários de uma empresa de segurança privada americana na operação ucraniana, assim como de ativistas de um grupo nacionalista ucraniano chamado de "fascista" por Moscou, o que Kiev negou. As autoridades ucranianas acusam a Rússia de querer "desmembrar" o país e boicotar as eleições presidenciais previstas para 25 de maio. Ainda mais se for levado em consideração que os favoritos são candidatos pró-Ocidente.

Com o repentino aumento da tensão, o governo dos Estados Unidos apelou na segunda-feira a Putin para que deixe de "desestabilizar" a Ucrânia e acusou Moscou que "orquestrar" as manifestações pró-Rússia. Moscou acusou Washington de reprovar nos outros países coisas que seu governo costuma fazer. O governo americano propôs ainda uma reunião entre EUA, Rússia, Ucrânia e Europa. O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, afirmou que estava disposto a considerar uma negociação, desde que "o sul e o leste da Ucrânia estejam representados".

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, advertiu a Rússia contra as "graves consequências" de uma intervenção na Ucrânia, que seria, segundo ele, um grave "erro histórico". "Peço a Rússia que recue e não agrave a situação no leste da Ucrânia", disse o chefe da Aliança Atlântica. Estados Unidos e Europa mencionaram possíveis novas sanções contra a Rússia no caso de intervenção armada na Ucrânia.