Jornal Correio Braziliense

Mundo

Ruanda pede que França enfrente 'difícil verdade' do apoio ao genocídio

O presidente da Ruanda acusa a França de ter tido importante papel em genocídio de 1994

Kigali - Ruanda pediu neste domingo (6/4) que a França encare a difícil verdade de seu papel no genocídio de 1994, em meio a uma grande controvérsia na véspera do 20; aniversário da tragédia. "Para que nossos dois países comecem realmente a se entender, devemos enfrentar a verdade. A verdade é difícil, a verdade de ser próximo a qualquer pessoa que esteja associada ao genocídio é uma verdade muito difícil de aceitar", declarou a ministra ruandesa das Relações Exteriores, Louise Mushikiwabo.

[SAIBAMAIS]Ela considerou impossível se Ruanda tiver que esquecer sua história para melhorar a relação entre os dois países. "Não podemos avançar às custas da verdade histórica do genocídio", acrescentou Mushikiwabo durante um fórum internacional organizado em Kigali no âmbito das cerimônias pelo aniversário do genocídio.

Leia mais notícias em Mundo

O governo francês cancelou sua participação nas cerimônias oficiais previstas para segunda-feira depois que o presidente ruandês, Paul Kagame, voltou a acusar a França, aliada do governo hutu antes de 1994, de ter tido um "papel direto na preparação do genocídio" e de ter "participado de sua execução". Paris negou reiteradamente essas acusações e insistiu que os militares franceses foram mobilizados no país africano para proteger os civis.

Cerca de 800.000 pessoas foram assassinadas nos 100 dias de genocídio em Ruanda, principalmente da etnia tutsi minoritária, além de hutus moderados.