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Audiência de deputada venezuelana cassada é interrompida por militantes

Corina foi interrompida por gritos de "Corina golpista", de um grupo de militantes do Movimento de Pequenos Agricultores, simpáticos ao governo de Maduro

Um dia depois de liderar manifestação em Caracas em defesa de seu mandato, cassado pela Assembleia Nacional venezuelana, a deputada de oposição María Corino Machado pediu nesta quarta-feira (2), em Brasília, a solidariedade dos povos, dos parlamentos e dos governos da América Latina ao movimento em favor da democracia na Venezuela. No início de três horas de debates na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), ela pediu que seu país receba a mesma atenção que obtiveram no passado recente outras nações latino-americanas onde a democracia esteve ameaçada.



Corina exibiu aos parlamentares um vídeo de três minutos com cenas de forte repressão dos participantes de manifestações contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Os jovens manifestantes foram às ruas a partir de fevereiro, segundo relatou, para protestar pacificamente contra o governo. A resposta de Maduro, disse a deputada, foi a ;repressão brutal; ao movimento. Desde então, houve 2.000 detenções, 700 feridos e 62 casos de tortura grave, aí incluídas ocasiões de descargas elétricas e torturas psicológicas.

- Maduro estimula a ação de grupos paramilitares, em muitos casos junto com a Guarda Nacional. Na Venezuela não há autonomia de poderes, o sistema de Justiça está a serviço do poder, não há Estado de Direito e praticamente não existe liberdade de imprensa ; afirmou.

Corina foi cassada pela Assembleia Nacional da Venezuela depois de participar de uma reunião do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), onde denunciou as restrições à liberdade em seu país. Ela aceitou oferta dos representantes do Panamá para usar a cadeira daquele país no conselho para falar ao plenário da OEA. A atitude foi utilizada pelos partidários de Maduro na Assembleia Nacional para cassar seu mandato, sob o argumento de que ela teria aceitado cargo ou função de outro país. A decisão, referendada poucos dias depois pelo Tribunal Superior da Venezuela, foi contestada pela deputada, que não teve direito de defesa e foi proibida de entrar no prédio da Assembleia.

- Hoje sou deputada porque me elegeram. Isto não é ideológico, não tem nada a ver com direita e esquerda, mas sim com a diferença entre ditadura e democracia ; alertou.