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Confrontos entre mineiros e policiais deixam um morto e 40 feridos

Os mineradores rejeitam o projeto de Lei da Mineração atualmente discutido no Parlamento

La Paz - Um operário morreu e outras 40 pessoas ficaram feridas nessa segunda-feira (31/3) durante confrontos entre policiais e mineradores na Bolívia, no momento em que o Congresso discute uma nova legislação para o setor, informou o governo.

"Um cooperado mineiro da (empresa) Kami foi levado ao hospital, onde chegou sem vida. Lamentamos profundamente este caso de falecimento do irmão boliviano", informou o ministro do Interior, Carlos Romero, sobre o confronto na localidade de Sayari, no centro do país. "Lamentavelmente, muitos policiais foram agredidos com dinamite" em Sayari, onde está a mina Kami, entre as cidades de Oruro, ao sul de La Paz, e Cochabamba, no centro da Bolívia.

Segundo Romero, 15 pessoas foram internadas em hospitais da cidade de Cochabamba, sendo 13 policiais e dois mineiros. Em La Paz, 25 policiais receberam tratamento por ferimentos variados". O diretor da mineradora Kami, Víctor Mamani, afirmou que "há dois mortos" nos confrontos, versão não confirmada pelo governo.



Os mineradores rejeitam o projeto de Lei da Mineração atualmente discutido no Parlamento, que lhes impede de firmar contratos de concessão com empresas privadas, nacionais ou estrangeiras.

Segundo o projeto do governo, os mineradores privados poderão firmar acordos apenas com o Estado, sem a possibilidade de entregar suas áreas de exploração a terceiros. Os protestos começaram com o bloqueio de estradas nos departamentos andinos de La Paz, Oruro, Cochabamba e Potosí.

Romero destacou que a polícia não utilizou armas letais e anunciou que o ministério Público investigará os incidentes. O líder da Federação de Cooperativas Mineiras da Bolívia (Fencomin), Alejandro Santos, até então aliado do governo, ameaçou o presidente boliviano: "nós que levamos Evo Morales à presidência também podemos tirá-lo de lá". "A mobilização de todas as cooperativas a nível nacional precisa ser massificada", disse Santos.