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Otan se reúne em Bruxelas para reforçar presença na Europa Oriental

Durante sua reunião regular, os 28 ministros da Otan ratificarão a suspensão de parte da cooperação entre a organização e a Rússia, decidida após a intervenção na Crimeia

Bruxelas - Os ministros das Relações Exteriores dos países membros da Otan se reúnem na terça e quarta-feira (2/4) em Bruxelas para estudar o eventual reforço da presença da Aliança Atlântica na Europa Oriental devido à crise na Ucrânia. Durante sua reunião regular, os 28 ministros, entre eles o americano John Kerry, ratificarão a suspensão de parte da cooperação entre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a Rússia, decidida no dia 5 de março após a intervenção na Crimeia.

[SAIBAMAIS]"O mais importante é tranquilizar os países da Otan" mais preocupados com a crise, entre eles a Polônia e os Estados Bálticos, declarou nesta segunda-feira o embaixador americano na organização, Douglas Lute. "Os ministros discutirão medidas adicionais, que não serão ações de gestos no curto prazo", acrescentou. Durante a reunião poderão levantar a possibilidade de instalar bases permanentes da Otan nos países bálticos, um tema muito sensível com a Rússia. No âmbito do acordo através do qual foram estabelecidas relações entre a Otan e a Rússia, a Aliança se comprometeu no fim de 1990 a não mobilizar tropas de maneira permanente nos países da Europa Oriental próximos às fronteiras russas.



Mas "fica claro que Moscou não respeita suas obrigações previstas no âmbito do acordo entre a Otan e a Rússia, e por isso podemos reconsiderar nossas próprias obrigações", explicou nesta segunda-feira um funcionário de alto escalão da Otan. Desde o início da crise, a Otan enviou aviões de vigilância de tipo AWACS à Polônia e à Romênia, enquanto os Estados Unidos mobilizaram caça-bombardeiros F-15 e F-16 na Lituânia e na Polônia. Vários países europeus, entre eles França, Grã-Bretanha ou Alemanha, estão dispostos a mobilizar aviões caça no âmbito das missões da Otan nos países bálticos.

A outra prioridade da Otan é apoiar Kiev, em particular ajudando a Ucrânia a modernizar suas Forças Armadas, sem que a Aliança contemple assumir um "papel operacional". A Otan suspendeu a preparação junto à Rússia da primeira missão conjunta, que consistia em escoltar um barco americano a cargo de transportar as armas químicas da Síria visando a sua destruição. Também foram afetados diferentes programas de cooperação, mas a Otan quis deixar "a porta aberta ao diálogo" com Moscou mantendo as relações diplomáticas, segundo um funcionário.