Paris - A oposição de direita partiu como favorita neste domingo no segundo turno das eleições municipais francesas, marcadas por um forte avanço da extrema direita e uma rejeição à política do presidente socialista François Hollande, que poderia anunciar mudanças em seu governo.
Após o recorde de abstenção registrado no primeiro turno, de 36,4%, todos os olhares estão voltados para o partido socialista, que sofre as consequências da impopularidade de sua política e de seu presidente em um contexto de crise econômica. O outro protagonista das eleições é o partido de extrema direita Frente Nacional, que pela primeira vez tem a possibilidade de governar em uma dezena de cidades.
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Os colégios eleitorais abriram às 6H00 GMT (3H00 no horário de Brasília) e serão fechados às 16H00 GMT, 17H00 GMT ou 18H00 GMT em função do tamanho das cidades, em eleições vistas como uma teste para Hollande após sua chegada ao poder em 2012.
Um total de 44,8 milhões de eleitores, entre eles 280.000 cidadãos de outros países da União Europeia, estão habilitados a votar nestas eleições tradicionalmente dominadas por questões locais e às quais se apresentaram 930.000 candidatos. Ao meio-dia, a participação neste segundo turno era de 19,83%, um número abaixo do primeiro turno (23,16%), segundo o ministério do Interior.
Cidades como Estrasburgo (leste), Toulouse (sudoeste), Saint-Etienne (centro-oeste), Reims (leste), Metz (leste) o Caen (noroeste), governados por prefeitos socialistas, poderiam cair nas mãos da direita do UMP, o partido do ex-presidente Nicolas Sarkozy.
Em Paris, a única certeza é que o próximo prefeito será pela primeira vez mulher, porque o duelo entre a socialista Anne Hidalgo e Nathalie Kosciusko-Morizet (UMP) é acirrado. Independente dos resultados a nível nacional, os observadores apontam para uma provável mudança de governo na próxima semana, com a substituição do impopular primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault e alguns membros de seu gabinete.
Um dos nomes mais prováveis para esta substituição é Manuel Valls, de 51 anos, o ministro do Interior, conhecido por sua firmeza e muito popular nas últimas pesquisas. Os dois primeiros anos da presidência de Hollande foram marcados por um contexto econômico difícil. Na semana passada, entre os dois turnos das eleições, foi publicada a taxa de desemprego, que em fevereiro atingiu um recorde de 3,34 milhões de pessoas.
Além disso, o crescimento econômico é lento e, de acordo com a última previsão do Banco Central, o Produto Interno Bruto (PIB) vai aumentar em apenas 0,2% em 2014. O presidente anunciou um ambicioso programa para reduzir em 50 bilhões os gastos públicos até 2017, uma meta que poderia aumentar sua impopularidade.
Avanço histórico da extrema direita
O UMP, na oposição após a derrota de Sarkozy nas eleições presidenciais de 2012, obteve cerca de 46% dos votos no primeiro turno, contra 37% dos socialistas, em parte graças ao descontentamento dos franceses, depois de dois anos de governo Hollande.
Mas o grande vencedor foi a Frente Nacional, que espera consolidar seu avanço histórico neste domingo para vencer várias cidades de médio porte.
Desde que, em 2011, Marine Le Pen assumiu a liderança da FN, seus esforços para "normalizar" o partido e apagar a imagem sulfurosa que tinha sob a direção de seu pai, Jean-Marie Le Pen, parece estar valendo a pena, graças a um discurso nacionalista, anti-europeia e anti-liberal que agrada cada vez mais os franceses. "Nós somos a vanguarda da renovação nacional", advertiu neste domingo Steeve Briois, o novo prefeito da FN de Henin-Beaumont, uma cidade operária do norte da França de 27.000 habitantes que o elegeu já no primeiro turno.