Washington - A Venezuela precisa "urgentemente" de políticas para reduzir a inflação e ajustar os desequilíbrios de sua economia, considerou nesta quinta-feira (27/3) o Fundo Monetário Internacional (FMI), referindo-se a um dos principais fatores na raiz dos protestos contra o governo.
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Os venezuelanos "parecem enfrentar dificuldades significativas. É necessário com urgência que haja uma política para reduzir seus desequilíbrios e restaurar a estabilidade dos preços", disse o porta-voz adjunto do FMI, William Murray.
Embora a Venezuela rejeite há oito anos as avaliações econômicas que a instituição realiza anualmente para cada um de seus Estados membros, "o Fundo está preparado para ajudar o governo a atingir crescimento e estabilidade", afirmou Murray.
[SAIBAMAIS]A Venezuela, sob um forte controle cambial desde 2003, enfrenta uma inflação anual de 57,3%, a mais alta da América Latina, e uma crônica escassez de produtos e alimentos básicos.
Afligidos por este panorama econômico desolador, assim como pelo aumento da criminalidade, estudantes e opositores organizam desde o início de fevereiro protestos contra o presidente Nicolás Maduro, que deixaram 34 mortos e mais de 400 feridos.
As relações entre Venezuela e FMI foram comprometidas quando a instituição com sede em Washington apoiou, em abril de 2002, um governo que chegou ao poder depois de um golpe contra o ex-presidente Hugo Chávez. Mas Chávez não ficou muito tempo afastado e logo retomou o comando do país.
Os Estados membros do FMI têm a obrigação de se submeter a avaliações anuais de sua economia, mas mesmo que não as respeitem, não podem sofrer sanções.
Em 2007, Chávez, falecido em março de 2013, criou um Banco do Sul para deixar o FMI e o Banco Mundial de lado, mas nunca concretizou sua ameaça de abandonar as duas instituições.