Bagdá - Todos os membros da comissão eleitoral iraquiana apresentaram sua renúncia em protesto pelas ingerências políticas e judiciais, a pouco mais de um mês das eleições gerais no país, onde 35 pessoas morreram nesta terça-feira em contínua onda de violências.
Os membros demissionários protestam assim, entre outras coisas, contra decisões judiciais que impedem que candidatos participem das eleições de 30 de abril. O Iraque sofre uma crise política e atos violentos recorrentes há mais de um ano.
O primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki, muito criticado pela minoria sunita e acusado por seus opositores de monopolizar o poder, briga por um terceiro mandado à frente do governo.
Segundo alguns líderes da comissão eleitoral, nove membros da Alta Comissão Eleitoral Iraquiana Independente (IHEC) apresentaram sua renúncia ao Parlamento para protestar contra as decisões contraditórias da justiça e do Parlamento sobre a exclusão de candidatos.
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"Conforme a lei, estamos atados às decisões da justiça e do Parlamento, mas estamos diante de uma decisão jurídica que quer excluir candidatos e uma outra parlamentar que nos diz o contrário", declarou à AFP o porta-voz da IHEC, Safa al-Mussaui.
"Estamos diante de duas decisões contraditórias e as duas são obrigatórias nos termos da lei. Por isso decidimos renunciar", acrescentou.
A renúncia deve ser apresentada e aprovada pelo Parlamento, segundo a fonte diplomática. Não está claro se esta decisão será aceita.
[SAIBAMAIS]Neste contexto de bloqueio político, mais 35 pessoas morreram nesta terça-feira em uma nova onda de ataques, segundo fontes médicas e da segurança.
Os ataques têm sido cometidos principalmente por insurgentes sunitas, alimentados pelo conflito na vizinha Síria e pelo descontentamento da minoria sunita no Iraque, que se sente discriminada pelas forças de segurança e o governo dominado por xiitas.
As autoridades lutam para interromper o ciclo de violência, o pior desde 2008, que já fez mais de 2.000 mortes este ano, a poucas semanas das eleições parlamentares marcadas para 30 de abril.
Em 20 de março de 2003, uma coalizão liderada pelos Estados Unidos invadiram o Iraque e derrubaram o então presidente Saddam Hussein, que foi, então, condenado à morte e executado pela justiça iraquiana.
A presença por mais de oito anos, até dezembro de 2011, das forças internacionais não impediu os ataques quase diários realizados principalmente por grupos ligados à Al-Qaeda e os confrontos sectários (2006-2007), que fizeram dezenas de milhares de mortos.
Após a partida das tropas americanas, a violência não parou de aumentar desde o início de 2013, em meio a uma crise política marcada por acusações de nepotismo e despotismo contra o primeiro-ministro Nuri al-Maliki.