Kiev - Os tártaros da Crimeia, majoritariamente contrários à integração desta região à Rússia, têm a intenção de realizar no dia 29 de março um referendo para definir sua posição após os últimos acontecimentos, anunciou nesta segunda-feira (24/3) em Kiev seu líder, Mustafá Djemilev.
"Planejamos realizar no dia 29 de março nosso congresso nacional em Simferopol. Uma das questões que serão debatidas será a autodeterminação do povo tártaro. No dia 16 de março não participamos do referendo (sobre a anexação da Crimeia à Rússia) e agora queremos organizar nosso próprio referendo", disse Djemilev aos jornalistas, segundo a Interfax.
[SAIBAMAIS]As perguntas do referendo ainda não foram redigidas. Não será abordado o pertencimento territorial da Crimeia, mas "as formas de coexistência", acrescentou o líder tártaro. Ele afirmou que na Crimeia funcionários estavam sendo demitidos e que eles só voltarão a ser contratados se obtiverem a cidadania russa.
Dando a entender que a eleição não era fácil, também mencionou a promessa das novas autoridades de garantir aos tártaros uma quota de 20% em todos os órgãos de poder e a concessão à língua tártara do mesmo status concedido ao russo, assim como medidas de ajuda ao retorno dos tártaros que ainda estão nas regiões onde sua comunidade foi deportada na época de Stalin.
Declarou ainda que a decisão dos tártaros depende da atitude das autoridades ucranianas e de sua capacidade de defender os que permanecem na Crimeia. "Vamos consultar nossas ações com nossas autoridades (ucranianas). Mas se as autoridades nos abandonam...", disse. Djemilev afirmou que cinco mil tártaros abandonaram a Crimeia nos últimos dias, com frequência em direção às regiões do oeste da Ucrânia. Sua comunidade na Crimeia está estimada em 300 mil pessoas.