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Organização para a Segurança na Europa enviará missão à Ucrânia

Desde o início da semana, a Rússia expressava reservas quanto ao envio de uma missão como esta

Os 57 países-membros da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) concordaram em enviar uma missão de observação para a Ucrânia, depois de Moscou ter retirado suas objeções, informou uma porta-voz.

Inicialmente, cerca de 100 observadores civis devem chegar a seu destino em até 24 horas, compondo a equipe que se dividirá por todo o país - salvo na Crimeia separatista. Desde o início da semana, a Rússia expressava reservas quanto ao envio de uma missão como essa por parte da OSCE, exigida pela Ucrânia e pelos ocidentais. Uma resolução nesse sentido deve ser aprovada por unanimidade.

Segundo o texto do acordo fechado hoje, os observadores ficarão, sobretudo, nas cidades de Kherson, Odessa, Lviv, Ivano-Frankivsk, Kharkiv, Donetsk, Dnepropetrovsk, Chernivtsi e Luhanks. A base da missão será Kiev.

A missão terá um mandato de seis meses, e a Ucrânia poderá pedir sua renovação, informou a porta-voz da OSCE consultada pela AFP. "Se for necessário e de acordo com a situação, (a missão) pode ser ampliada para um total de até 400 membros extras", acrescentou a nota divulgada pela organização.

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O texto informa ainda que o objetivo é "contribuir em todo o país e em cooperação com (...) atores relevantes na comunidade internacional (como as Nações Unidas e o Conselho da Europa) para reduzir tensões e fomentar a paz, a estabilidade, a segurança".

Depois do acordo, o representante russo na organização, Andrei Kelin, disse se tratar de "uma decisão muito importante". "Acreditamos, fortemente, que esse pode ser um primeiro passo importante na direção da redução da tensão nessa região", declarou a alguns jornalistas.

A Rússia está pronta para delegar observadores, no âmbito dessa missão, acrescentou Kelin, que exclui de forma categórica que o trabalho da OSCE se estenda à Crimeia. "O mandato da missão é perfeitamente claro e resulta da realidade geopolítica", frisou, insistindo em que "a partir de hoje, a Crimeia faz parte da Federação da Rússia".

A anexação da Crimeia foi ratificada por unanimidade nesta sexta-feira pela Câmara Alta do Parlamento russo, cinco dias após o referendo nesse território de maioria russófona.