Jornal Correio Braziliense

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Estados Unidos e aliados enfrentam agora um Putin mais beligerante

Barack Obama e autoridades europeias são acusados de terem sido enganados pelo presidente russo



Para Fiona Hill, especialista do centro de análises Brookings Institution e autora de um novo livro sobre Putin, a visão do mundo deste presidente está moldada por seu treinamento na KGB (a ex-polícia secreta soviética). "Sempre vemos estas coisas segundo nosso quadro de referência (...) Putin sente que apenas ele conhece os interesses da Rússia", disse Hill. Jan Techau, diretor do centro Carnegie Europe, sustenta que os líderes dos dois lados do Atlântico não conseguiram entender Putin. "

[SAIBAMAIS]Os americanos e os europeus subestimaram enormemente as intenções reais de Putin", disse. Chamado de atenção Agora, o Ocidente tem um "chamado de atenção" de Putin - como descreveu o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen - e deve analisar uma nova relação. Provavelmente Obama começará oferecendo, quando viajar à Europa na próxima semana, uma reafirmação das garantias de segurança aos estados pós-soviéticos que formam parte da Otan. Isto será, ao mesmo tempo, um sinal para Moscou de que novas ocupações de territórios não serão toleradas.

Na quinta-feira, Obama anunciou novas sanções contra funcionários e empresários russos, ao mesmo tempo em que pretende ajudar a sustentar a frágil economia ucraniana. Os compromissos comerciais, militares e diplomáticos com Moscou estão congelados. Mas Obama espera poder manter as alianças diplomáticas em temas como as negociações sobre o Irã e seu programa nuclear. Putin, no entanto, parece ser um cliente difícil, em especial no que diz respeito à diplomacia sobre a crise na Ucrânia.

"Putin parece estar sugerindo que quando se trata da periferia da Rússia... os russos pretendem ser ouvidos. Não serão ignorados", declarou Anton Fedyashin, especialista sobre a Rússia na American University. As negociações sobre o programa nuclear iraniano podem se converter no novo ponto onde Washington e Moscou avaliam de maneira diferente os interesses nacionais da Rússia. "Não gostaríamos de utilizar estas negociações como parte de um jogo de apostas", declarou o vice-chanceler russo, Serguei Ryabkov, em uma ameaça velada. Mas forçado a escolher entre a Crimeia e as negociações sobre o Irã, Moscou elegeria a Crimeia, acrescentou.

Washington, enquanto isso, acredita que Moscou tenta enganá-los com esta estratégia. Se o Irã desenvolver uma arma nuclear, "esta arma estaria muito mais perto da Rússia do que de muitos de nós", refletiu um funcionário de alto escalão.