Sebastopol - Milícias pró-Rússia ocuparam nesta quarta-feira (19/3) ao menos duas bases ucranianas na Crimeia e reivindicaram a captura do chefe da Marinha, enquanto as autoridades separatistas se recusam a receber o ministro ucraniano da Defesa. Na terça-feira, o presidente russo Vladimir Putin assinou um tratado histórico com as autoridades separatistas anexando a península à Rússia.
Mas o primeiro-ministro auto-proclamado da Crimeia Serguii Axionov imediatamente declarou que os ministros seriam impedidos de entrar na península. "Não são bem-vindos à Crimeia. Ninguém permitirá que entrem e nós os enviaremos de volta ao local de onde vêm", disse Axionov à agência russa Interfax.
Esta rejeição foi confirmada em Kiev, onde esta questão e a situação na Crimeia devem ser analisadas durante uma reunião do Conselho de Segurança Nacional e de Defesa, segundo a agência Interfax-Ukraine. Se o avanço institucional russo está praticamente concluído com a aprovação por unanimidade da incorporação à Rússia da península da Crimeia, muitos problemas ainda precisam ser resolvidos. O mais urgente é o das bases ucranianas.
Uso de armas
O governo de Kiev ordenou a seus militares que permaneçam na Crimeia. Na terça-feira, um militar ucraniano e um miliciano pró-Moscou morreram em uma tentativa de ataque contra uma unidade militar ucraniana em Simferopol, a capital regional. Este episódio levou Kiev a autorizar oficialmente seus soldados presentes na península a utilizar suas armas para se defenderem.
Após a assinatura solene do tratado sobre a incorporação da Crimeia à Rússia, a situação voltou a ser extremamente tensa entre Moscou e o Ocidente, na véspera de uma nova cúpula europeia na quinta e sexta-feira em Bruxelas.
Fase militar
Na terça-feira, o primeiro-ministro da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, declarou que o conflito de seu país com a Rússia em torno da Crimeia entrou em uma fase militar após a morte de um soldado ucraniano na península. Do lado americano, o presidente Barack Obama convidou os líderes do G7 e da União Europeia a se reunir na próxima semana em Haia para discutir a situação na Ucrânia, e o secretário de Estado John Kerry advertiu que uma eventual incursão da Rússia no leste da Ucrânia representaria um ato "escandaloso".
O vice-presidente americano Joe Biden dará continuidade nesta quarta-feira em Vilnius a seu giro na Polônia e nos países bálticos, para tranquilizar esses países aliados que estão preocupados com a agressividade de Moscou. O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, declarou na terça-feira que Paris poderá suspender a venda de dois navios polivalentes Mistral a Moscou, segundo os termos de um contrato assinado em 2011.
O governo ucraniano também busca meios de responder à "nacionalização" de suas empresas públicas na Crimeia, dando atenção especial ao grupo Tchornomornaftogaz, que poderia ser tomado pelo grupo russo Gazprom. O método anunciado é o confisco por meio da justiça de bens russos, na Ucrânia e no exterior.