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Festa e tristeza marcam a terça-feira na capital da Crimeia

Autores do ataque, que também deixou duas pessoas feridas, ainda não foram identificados

Ainda repleta de sinais de alegria após a votação que decidiu pela anexação da península à Rússia, a capital da Crimeia, Simferopol, viveu um dia de tristeza nesta terça-feira, após um tiroteio que matou um militar ucraniano e um miliciano pró-russo.

Os autores do ataque, que também deixou duas pessoas feridas, ainda não foram identificados. "Os tiros vinham de um mesmo local, na direção das milícias de autodefesa e dos militares ucranianos", disse Olga Kondrachova, porta-voz da polícia da Crimeia, citada pela agência de notícias russa Interfax.

[SAIBAMAIS]"Pessoas armadas entraram no território há algumas horas. Não sabemos se são provocadores ou representantes de estruturas governamentais" ucranianas, explicou à AFP Anatoli Tikhonov, representante da milícia de auto-defesa russa.

Segundo o Ministério ucraniano da Defesa, o militar que garantia a guarda do Departamento de Fotografia do Centro Militar de Topografia e Navegação não resistiu aos ferimentos que sofreu no pescoço. Todos os militares que estavam no local tiveram seus documentos confiscados.

O acesso a essa base, um grande prédio branco situado a alguns minutos do centro da cidade, foi bloqueado na noite desta terça pela Polícia da Crimeia e pela milícia pró-Rússia.

Alguns minutos após o anúncio da primeira vítima fatal de origem ucraniana na Crimeia, o Ministério da Defesa ucraniano autorizou os militares a usarem suas armas.

Outro triste momento em Simferopol nesta terça-feira foi o enterro de um tártaro encontrado morto em uma floresta no último sábado, alguns dias após seu desaparecimento.

Segundo os representantes da minoria muçulmana - que boicotou o referendo de domingo sobre a anexação à Rússia - ele foi encontrado morto após ter protestado contra a consulta. Cerca de 300 pessoas acompanharam o funeral do homem, no cemitério muçulmano de Simferopol.

"Crimeia e Rússia para sempre"

Os momentos fúnebres desta terça-feira vão de encontro às celebrações que ainda tomam conta da cidade, onde carros pintados com as cores da Rússia desfilam com o barulho estridente de suas buzinas pelo centro e o hino russo pode ser ouvido aos quatro cantos.

Os prédios públicos começam, aos poucos, a perder as insígnias oficiais da Ucrânia - num ato de profundo simbolismo.

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No Parlamento da Crimeia, as palavras antes escritas em russo, ucraniano e tártaro foram substituídas pelo novo nome da instituição: "Conselho de Estado da República da Crimeia".

"Nós esperávamos por este momento desde que a Crimeia foi dada em 1954" à Ucrânia pelo líder soviético Nikita Khrushchev, explicou Anatoli Volkovoii, morador de Simferopol.

No mercado de frutas e legumes da capital, os moradores se apertavam em torno de televisores e rádios para ouvir o discurso do presidente russo, Vladimir Putin, que assinou nesta terça-feira um tratado histórico que converte imediatamente a Crimeia em parte integrante da Rússia.

Durante a noite, centenas de pessoas, algumas enroladas na bandeira russa, se reuniram na praça Lênin - epicentro das comemorações em Simferopol - para assistir um show transmitido ao vivo de Moscou.

Dois telões exibiam o show do grupo de rock Liubé, cujo cantor é um conhecido partidário de Putin. Para a ocasião, o cantor modificou a letra de uma música e inseriu o novo território. "Rússia, minha Rússia, da Crimeia ao Ienissei (rio da Sibéria)", entoou, levando a plateia à loucura.

Nos cartazes no meio da multidão, o sentimento é o mesmo: "A Crimeia com a Rússia, juntas para sempre" ou "Se o Ocidente aceita o Maidan (ndlr: movimento pró-europeu em Kiev), deve aceitar o referendo".