Caracas - O líder opositor venezuelano Henrique Capriles admitiu neste domingo (16/3) que "está sendo discutido" com o governo a possibilidade de fazer um debate público sobre onda de protestos que afeta o país há mais de um mês, e contabiliza 28 mortos até o momento.
A possibilidade de um debate "está em discussão neste momento", disse Capriles, ao ser questionado pelo canal privado Televen sobre um eventual contato com o governo de Nicolás Maduro.
"Na próximas horas teremos uma decisão, o país merece este debate", disse Capriles, que é governador do estado de Miranda.
[SAIBAMAIS]"Tomara que consigamos realizar um debate com este governo, que o país possa ver, em rede nacional, a verdade confrontando a mentira", escreveu o opositor em sua conta Twitter algumas horas após conceder a entrevista.
Por causa dos protestos, o governo venezuelano iniciou jornadas para um diálogo nacional que surtiram efeito em vários setores, menos nos estudantes opositores e na coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), da qual Capriles faz parte.
Capriles e outros líderes da oposição se negaram a participar do diálogo nacional enquanto o governo se referir a eles como "fascistas" ou "golpistas" e continue a repressão aos protestos.
"O diálogo não é um show de televisão. Mas acredito que seria um erro não abrir espaço para dizermos as coisas isso tem muito mais valor, a oportunidade de que o país veja um debate de ideias", disse Capriles.
O governador, que perdeu as eleições presidenciais de abril de 2013 para Maduro por uma margem de 1,5 pontos, reiterou que está aberto a um diálogo "sem insultos".
No sábado, Maduro, que rejeita que os opositores imponham "condições" para estabelecer um diálogo, reiterou seu convite ao diálogo com os estudantes opositores e pediu que o MUD não aceite participar destas jornadas.
Desde 4 de fevereiro a Venezuela vive uma onda de manifestações contra a insegurança, a inflação de 56% anual, a escassez de produtos básicos, a repressão dos corpos policiais e a detenção de ativistas. Todos os dias ocorrem protestos, bloqueios de ruas e confrontos entre forças de ordem e manifestantes radicais.
Segundo dados na procuradoria geral, os protestos deixaram 28 mortos e cerca de 400 feridos, mais de 100 detidos e 41 investigações por violação dos direitos Humanos por parte das forças policiais.