Lima - O presidente peruano, Ollanta Humala, pediu na madrugada deste sábado ao Congresso do país que expresse com clareza se concede ou não o voto de confiança ao gabinete ministerial que apresentou na sexta-feira o programa de governo.
Após uma sessão de 15 horas no Parlamento unicameral de 130 membros, 41 congressistas votaram a favor do gabinete, 76 optaram pela abstenção e seis foram contrários ao gabinete, liderado por René Cornejo.
Cornejo, que assumiu o cargo há menos de um mês, compareceu ao Parlamento como determina a Constituição para anunciar as diretrizes de sua gestão.
Em um discurso incomum diante da imprensa durante a madrugada, cercado pelos ministros, Humala disse que os integrantes do gabinete ministerial "colocaram os cargos à disposição", o que implica uma vontade de renúncia.
"A última coisa que queremos é instabilidade, por isto pedimos (ao Congresso) que esta situação seja resolvida em breve e que expresse sua vontade de dar ou não o voto de confiança à equipe ministerial", insistiu o chefe de Estado.
Durante o debate, a oposição criticou a esposa do presidente, Nadine Heredia, que segundo setores da imprensa e da própria oposição tem um papel preponderante nas decisões do governo.
Cornejo, quinto chefe de gabinete em dois anos e meio de governo de Humala, assumiu o cargo em 24 de fevereiro, após a renúncia de César Villanueva, em meio a uma crise política depois de passar apenas quatro meses na função.
Villanueva havia anunciado que o governo estudava aumentar o salário mínimo, mas foi desautorizado publicamente por Heredia.
Depois de ser desmentido também pelo ministro da Economia, Miguel Castilla, Villanueva renunciou ao cargo e acusou a esposa de Humala de "interferência" nos assuntos do governo.