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Bolívia pede à Interpol captura de procurador foragido no Brasil

Segundo a acusação, Flores planejava um atentado contra o presidente Morales.

La Paz - A Procuradoria-Geral da Bolívia solicitou nesta sexta-feira (14/3) à Interpol a captura de um procurador que fugiu esta semana para o Brasil e que está sendo julgado por sua atuação no caso da morte de supostos mercenários acusados de planejar um ataque a Evo Morales.

"Estamos solicitando à Interpol a captura de Marcelo Soza" para que seja transferido para a Bolívia e "se apresente diante das instâncias pertinentes" pelos casos, pelos quais está sendo investigado, disse aos jornalistas o procurador-geral Ramiro Guerrero.

Até maio de 2013, Soza investigou o grupo liderado pelo boliviano-croata Eduardo Rózsa Flores, baleado pela Polícia em 2009. Segundo a acusação, Flores planejava um atentado contra o presidente Morales. Sobre Soza pesam diversas denúncias e processos por suspeita de extorsão dos envolvidos no caso e por falta de idoneidade em suas funções. Sua situação se complicou, especialmente, após a divulgação de um vídeo, no qual ele afirma que o caso foi totalmente fraudado. A autenticidade do vídeo ainda está sendo investigada.



O procurador entrou no Brasil em 11 de março com um pedido de asilo. O governo brasileiro lhe concedeu um visto de 180 dias e, nesse intervalo, seu caso será avaliado pela Comissão Nacional de Refugiados (Conare).

Ramiro Guerrero disse que foram ativados "todos os mecanismos para a extradição de Marcelo Soza" para que volte para La Paz "e preste contas dos três processos que tem na Bolívia". O "caso Rózsa" se refere a supostos planos de seu grupo de armar uma milícia civil para travar uma guerra separatista na região de Santa Cruz (leste), a mais próspera da Bolívia. Segundo o governo, o plano incluía atentar contra o atual presidente.

Em abril de 2009, a polícia invadiu um hotel de Santa Cruz e abateu Rózsa e seus companheiros Michael Dwyer (irlandês) e Arpad Magyarosi (romeno-húngaro). Na mesma operação, foram detidos Mario Francisco Tadic (boliviano-croata) e Elod Toasó (húngaro). Hoje, ambos estão sob custódia em La Paz.