Maputo - A mineradora Vale afirmou nesta quinta-feira (13/3) que somente no final desta década deverá atingir o mínimo de rentabilidade esperado para Moçambique, em função das dificuldades para transportar maiores quantidades de carvão até os portos de exportação.
O grupo pretende, contudo, manter seus investimentos no país, especialmente na construção de 900 km de uma via férrea entre as minas de carvão da região de Tete e Nacala (norte), um terminal que deverá ser transformado num porto de águas profundas.
"Nossa previsão é de que em 2015 tenhamos atingido os 6 a 7 milhões de toneladas no porto de Nacala-Velha", declarou à AFP o diretor geral da Vale Moçambique, Ricardo Saad. Uma vez terminada a via férrea Tete-Nacala, serão 22 milhões de toneladas que poderão ser exportadas em 2017.
No ano passado, a Vale Moçambique exportou 3 milhões de toneladas de carvão e amargou um prejuízo líquido de 480 milhões de dólares. "Nós acreditamos neste país, mas temos uma janela de tempo para que o projeto seja viável", explicou Saad durante coletiva de imprensa.
Cinco anos após os primeiros investimentos no país africano, a Vale ainda não obteve lucros.
Além da linha Tete-Nacala, a ligação férrea existente entre Tete e a cidade costeira de Beira também está em obras.
A gigante brasileira de mineração mantém, no noroeste de Moçambique, um complexo de extração de carvão destinado em grande parte à exportação, especialmente para China e Índia.
A mina de Moatize contém pelo menos 23 bilhões de toneladas de combustível, assim como carvão térmico destinado às centrais térmicas e coque, de alto valor calorífero, muito usado em siderurgia.
Descoberta há muito tempo, a bacia carbonífera de Moatize teve suas reservas subestimadas e ficou sem ser explorada por causa da longa guerra civil que assolou a antiga colônia portuguesa, entre 1975 e 1992.