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Perguntas ainda sem respostas no caso de Oscar Pistorius

De acordo com o sistema judicial do país, não pode haver condenação em caso de "uma dúvida razoável"

Pretoria - Depois do sétimo dia do julgamento do atleta paralímpico sul-africano Oscar Pistorius, acusado de ter matado a sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp, algumas perguntas ainda não foram respondidas.

De acordo com o sistema judicial do país, não pode haver condenação em caso de "uma dúvida razoável".

Pistorius alega que a morte não foi premeditada e que ele atirou através da porta do banheiro por acreditar que um ladrão tinha invadido sua residência.

Já o ministério público mantém a versão de um assassinato, consequência de uma briga do casal. O que aconteceu nas horas que antecederam a morte?

Reeva Steenkamp foi morta pouco depois das 3h da madrugada do dia 14 de fevereiro, atingida por quatro tiros, um na cabeça. Pistorius alega que ele e a namorada foram dormir às 22h da véspera. No entanto, a autopsia revelou que a modelo comeu queijo e verduras a cerca de 1h da manhã. É provável que o procurador use este detalhe para invalidar a versão do acusado.

Houve briga do casal antes da morte?

Uma única testemunha, uma vizinha, diz ter ouvido gritos durante cerca de uma hora, entre 2h00 e 3h da manhã. Ela não conseguiu captar o sentido das palavras que ouviu, mas afirmou que, pelo tom de voz, os dois pareciam estar "alterados".

Quem gritou antes dos tiros?

Dois vizinhos (um casal) ouviram "gritos de mulher" pouco antes dos tiros, e também pedidos de socorro de um homem. Eles afirmam que o último grito da mulher, logo depois do último tiro, estava "abafado". Quando foi perguntada sobre o motivo pelo qual o homem teria pedido ajuda antes dos tiros, Michelle Burger (a mulher do casal de vizinhos), não descartou a possibilidade de se tratar de "uma simulação".

"O contraste entre a intensidade da voz feminina e a monotonia da voz masculina me marcou. Ele parecia quase constrangido na hora de pedir ajuda", disse por sua vez o marido, Charl Johnson.

Será que os vizinhos realmente ouviram os gritos e os tiros?

O advogado de Pistorius, Barrey Roux, tentou apresentar uma outra versão dos fatos, segundo a qual o atleta teria atirado sem saber quem estava atrás da porta. Quando entendeu que tinha matado Reeva, ele começou a gritar, com uma voz tão aguda que testemunhas podem ter achado que se tratava de uma mulher. Em seguida, teria arrombado a porta do banheiro com um taco de críquete, sendo que o barulho poderia ter sido confundido com tiros pelas testemunhas.

A defesa também alega que não era possível ouvir gritos de Reeva enquanto a modelo estava trancada no banheiro, além de ressaltar que ela não pode ter gritado depois de ser atingida no cérebro.

De acordo com o legista, a lesão causada pelo último tiro teria deixado a mulher inconsciente na hora. As testemunhas, porém, continuaram inflexíveis, mantendo que escutaram gritos de mulher e que o barulho realmente tinha sido causado por disparos de arma de fogo.

O que fez Pistorius depois da tragédia?


O segurança da residência afirma ter ligado para Pistorius logo depois de ouvir os tiros. Ele alega que o acusado tinha respondido que "tudo estava bem". Em seguida, a ligação foi cortada, e Pistorius ligou pouco depois para pedir ajuda. A defesa, baseando-se na relação de ligações feitas desde a residência, alega por sua vez que o acusado ligou primeiro, mas o segurança manteve sua versão.