Paris - O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy levará aos tribunais a divulgação de gravações realizadas sem que ele soubesse por um de seus ex-conselheiros, em uma tentativa de impedir novas revelações que prejudiquem seu retorno à política. Segundo amigos, Sarkozy está furioso com o ex-conselheiro, Patrick Buisson, que recomendou ao ex-presidente uma estratégia de "direitização" da campanha de reeleição em 2012, mas que terminou com derrota nas urnas.
A divulgação da primeira parte das gravações aconteceu na quarta-feira pela revista satírica Le Canard encha;né e pelo site Atlantico. Sarkozy pode denunciar a traição de um homem, mas "não poderá escapar do ridículo destas revelações nem do clima prejudicial que se desprende delas", afirma o jornal Le Monde.
O escândalo pode dificultar o possível retorno ao primeiro plano da política de Sarkozy. Apesar de ter afirmado que ninguém o veria novamente em caso de derrota nas presidenciais de 2012, Sarkozy intensificou nos últimos meses as aparições públicas. Analistas acreditam que seu objetivo seria disputar a eleição presidencial de 2017, na qual desejaria aparecer como um homem providencial para seu partido, a UMP, abalado por divisões internas e conflitos pessoais.
Atualmente, o partido não tem um projeto político alternativo à maioria socialista. Alguns cientistas políticos, no entanto, consideram que o caso Buisson favorece os interesses do ex-presidente por reforçar a imagem de vítima. Ao mesmo tempo, parte da imprensa está surpresa com a "ingenuidade" de Sarkozy, que parece um "novato" neste caso.