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ONU denuncia uso de cercos e fome como métodos de guerra na Síria

Segundo documento, mais de 250 mil pessoas estão submetidas a um cerco na Síria, regularmente bombardeadas pela artilharia e a aviação

Genebra - A Comissão de Investigação da ONU sobre as violações dos direitos humanos na Síria denunciou o uso dos cercos e da fome como estratégia de guerra pelo regime de Bashar Al-Assad, na mais recente atualização do relatório divulgada nesta quarta-feira (5/3).

[SAIBAMAIS]"Mais de 250 mil pessoas estão submetidas a um cerco na Síria, regularmente bombardeadas pela artilharia e a aviação. Estão privadas de ajuda humanitária, de alimentos, de cuidados médicos e devem escolher entre a fome a rendição", afirma o documento.



"O governo utiliza a técnica do cerco, instrumentalizando as necessidades fundamentais de água, comida, refúgio e cuidados médicos como elementos de sua estratégia", destacam os três juristas da comissão da ONU, coordenados pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro. Nesta atualização, que vai de julho de 2013 a janeiro de 2014, os juristas citam as operações militares para cercar quartéis ou áreas em Guta, Daraya, Moadamiyet al-Sham, no acampamento palestino de Yarmuk, perto da capital, e na parte antiga de Homs.


Para aterrorizar a população destas áreas, as forças do governo prendem em postos de controle pessoas que não participam nos combates e as submetem à violência, destaca o relatório. Grupos de oposição também recorrem a esta estratégia de cerco contra Nubul e Al-Zahra na província de Aleppo e no vale de Al-Ghab na província de Hama, afirma o documento. A comissão de investigação, criada pela ONU em setembro de 2011, registra os crimes de guerra e, em alguns casos, crimes contra a humanidade cometidos na guerra que em três anos provocou mais de 140 mil mortes.


Como o governo sírio não autoriza a viagem ao país, os juristas se baseiam em depoimentos, imagens por satélite, documentos visuais e informações obtidas por várias organizações. Para a atualização, a comissão recebeu 563 novos testemunhos, o que eleva a mais de 2.600 os depoimentos registrados desde 2011. Pinheiro afirmou que foram adicionados nomes à lista da ONU, não publicada, sobre os autores de crimes de guerra e crimes contra a humanidade para tentar levar os autores à justiça.


Muitas críticas são feitas por especialistas sobre a inação da comunidade internacional e, em particular, do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o único que pode recorrer ao Tribunal Penal Internacional.