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Insurgentes invadem prefeitura no Iraque e fazem funcionários reféns

Este ataque, o segundo deste tipo em quatro meses, ocorre num momento em que o Iraque vive a maior onda de violência em seis anos

Samarra - Insurgentes tomaram de assalto nesta terça-feira (4/3) a prefeitura de Samarra, na província de Saladino, 110 km ao norte de Bagdá, e fizeram vários funcionários reféns, segundo autoridades locais.

Este ataque, o segundo deste tipo em quatro meses, ocorre num momento em que o Iraque vive a maior onda de violência em seis anos.

"Dois terroristas suicidas que utilizavam cinturões de explosivos atacaram a prefeitura de Samarra e um carro-bomba conduzido por um suicida explodiu simultaneamente perto do edifício", afirmou um oficial da polícia desta cidade.

Segundo outra fonte militar, os dois suicidas "têm vários reféns no interior do edifício", onde ocorreram confrontos.

Até o momento foram contabilizados 24 feridos, em sua maioria atingidos pela explosão do carro-bomba, indicaram fontes de segurança e médicas.


Entre os feridos figura um assistente do prefeito, indicou uma fonte médica.

Em dezembro, havia sido registrado um ataque similar contra a prefeitura de Tikrit, outra cidade da província de Saladino.

As forças de segurança conseguiram libertar os reféns, mas um vereador e dois policiais morreram.

Na semana seguinte, no dia 23 de dezembro, dois suicidas atacaram a sede da televisão local de Tikrit, matando cinco jornalistas.

A província de Saladino também inclui a cidade de Soliman Bek, situada na estrada principal que une Bagdá ao norte do Iraque, onde ocorreram confrontos entre insurgentes e as forças de segurança.

Por sua vez, um miliciano da Sahwa, força anti-Al-Qaeda, morreu em um ataque na província de Kirkuk, norte do Iraque, e um policial faleceu em outro confronto em Mossul (norte).

A escalada da violência é estimulada pelo descontentamento da minoria sunita, que se sente marginalizada pelo governo do governo do xiita Nuri al-Maliki, e pela guerra civil na Síria, que fortalece os rebeldes sunitas envolvidos em ambos os lados da fronteira.

Há dois meses, combatentes contrários ao governo, entre eles os jihadistas pela Al-Qaeda, controlam Fallujah e setores de Ramadi, localizadas respectivamente 60 km e 100 km a oeste de Bagdá, na província sunita de Al-Anbar, fronteiriça com a Síria.

Os combates provocaram nesta província o êxodo de mais de 370.000 pessoas, o maior deslocamento de população no Iraque desde os episódios de violência religiosa de sete anos atrás, segundo a ONU.

Desde o início de 2013, o Iraque registra uma sangrenta onda de violência, a mais grave desde o conflito que opôs xiitas e sunitas entre 2006 e 2008, após a invasão americana de 2003.

Desde o início de 2014, 1.750 pessoas morreram vítimas da violência, segundo um balanço da AFP a partir de fontes médicas e dos serviços de segurança.