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Carnaval da Venezuela tem registro de prisões por manifestações nos estados

Governo diz ter autorizado 34 voos adicionais para atender a alta demanda pelo turismo interno e internacional, mas opositores persistem nos protestos e marchas

O governo venezuelano disponibilizou voos extras para o feriado prolongado de carnaval, iniciado na quinta-feira (27 de fevereiro). Mas, apesar da tradição de viagens no país nesta época do ano, nos redutos opositores persistem os protestos e marchas neste sábado (1;/3). Há registro de manifestações nos estados de Miranda, Carabobo, Mérida e Zuila. Nos protestos de sexta-feira (28/2), a Guarda Nacional Bolivariana deteve 41 pessoas, que impediam a passagem de viaturas. Também houve detenção de jornalistas http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2014-02/carnaval-divide-oposicao-e-governo-na-venezuela.

Para incrementar as viagens, o Instituto Nacional de Aeronáutica Civil da Venezuela (Inac), informou ter autorizado 34 voos adicionais para atender a alta demanda pelo turismo interno e internacional. Também foi lançada uma operação denominada "Carnaval Seguro", de acordo com o governo, nas regiões turísticas e nos aeroportos do país.

O presidente Nicolás Maduro, que incentivou a programação de carnaval, defendeu, ao longo da última semana, que a festa fosse celebrada normalmente, por sua importância cultural e também pelo fato de o evento representar um "importante incremento" na atividade econômica e comercial do país.

Maduro definiu na sexta-feira (28/2) os pontos claves para o que considera necessário para a paz no país. Além disso, o presidente convocou o movimento estudantil para dialogar, e disse que o governo investigará as denúncias de abuso atribuídas à polícia, na repressão dos protestos das últimas semanas.

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A oposição, entretanto, diz que não quer dialogar nos termos do governo, alegando que "não há diálogo enquanto houver repressão aos protestos". As redes sociais e alguns jornais opositores acusam que nos protestos dessa sexta-feira, foram detidos pelo menos 41 manifestantes, pela Guarda Nacional Bolivariana.

De acordo com a Agência Lusa, o grupo foi detido quando participava de manifestações na Praça Altamira, leste de Caracas, porque impediam a passagem de viaturas com o uso de barricadas. Um dos detidos é de nacionalidade portuguesa. A Agência Venezuelana de Notícias (AVN) também registrou as detenções, e informou que "oito estrangeiros procurados por terrorismo internacional" foram detidos, ontem.

O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa confirmou, em sua conta do Twitter, que os guardas nacionais "atacaram e roubaram o equipamento de trabalho de pelo menos dois jornalistas estrangeiros", que se encontravam no local, incluindo a fotógrafa italiana Francesca Commissari.

Há 17 dias são registados protestos em várias localidades da Venezuela, entre manifestações pacíficas e atos de violência, que provocaram pelo menos 18 mortes, deixando 261 feridos e mais de 500 detidos. Os protestos começaram dia 12 de fevereiro, com uma marcha pacífica de estudantes contra a insegurança, mas intensificaram-se no mesmo dia, quando confrontos entre manifestantes, forças de ordem pública e supostos grupos armados provocaram as morte de três pessoas.

No cenário externo, o governo busca apoio dos países da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), único organismo que afirmou "considerar" a possibilidade de mediar o conflito http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2014-02/venezuela-ira-convocar-unasul-para-tratar-de-violencia.

Hoje, a imprensa do país dá destaque à programação, que está sendo preparada para a celebração de um ano da morte do presidente Hugo Chávez, na próxima quarta-feira (5). Está sendo organizado grande desfile cívico-militar em Caracas, e serão celebrados dez dias de programação em homenagem a Chávez. Mas, protestos opositores também são esperados.