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EUA denunciam repressão contra manifestações pró-democracia no mundo

O relatório informa que os governos autoritários ao redor do mundo recorreram às forças de segurança para a consolidação do poder

Os Estados Unidos denunciaram nesta quinta-feira (27/2) o crescente recurso às forças de segurança para reprimir as manifestações pró-democracia por parte de regimes autoritários no mundo, no relatório 2013 sobre Direitos Humanos do Departamento de Estado.

De acordo com o relatório, "os governos autoritários ao redor do mundo recorreram às forças de segurança para consolidar seu poder e suprimir a dissidência em detrimento da estabilidade, da segurança e do desenvolvimento econômico de seus países no longo prazo".

"Da Praça da Independência na Ucrânia até o parque Gezi na Turquia, as autoridades recorreram à violência para dispersar protestos pacíficos em todo o mundo, ferindo gravemente dezenas de pessoas", informa o texto.

As forças de segurança devem ser responsabilizadas por abusos contra os direitos humanos, no Sudão, na Síria ou em Mianmar, indica o documento.



"Combater a impunidade vai exigir que esses países invistam em poderes judiciais independentes e efetivos, em forças de segurança responsáveis e controladas por civis, e em instituições democráticas transparentes e responsáveis", segundo o Departamento de Estado.

O relatório anual foi divulgado para marcar o aniversário de 65 anos da Declaração Universal de Direitos Humanos.

Mas, seis décadas depois, "mais de um terço da população mundial vive sob uma legislação autoritária", afirma o texto.

Além disso, destaca que "persiste uma enorme brecha entre os direitos conferidos pela lei e a realidade cotidiana de muitas pessoas em todo o mundo".

[SAIBAMAIS]"Cuba continuou organizando grupos para agredir manifestantes pacíficos, a China endureceu o controle sobre a internet e intensificou a repressão contra protestos, o Vietnã ainda usa leis vagas de segurança nacional para atacar a liberdade de expressão (...) e a Rússia manteve punições contra quem critica o governo", denuncia o documento.

O relatório destacou as novas e frágeis democracias dos países que viveram a Primavera Árabe, a onda de contestação que derrubou governos autoritários no Norte da África e no Oriente Médio entre 2011 e 2012.

Em um dos países afetados pela Primavera, a Síria, o movimento de protesto duramente reprimido pelas forças de segurança deu origem a uma guerra civil devastadora.

O uso da força militar para reprimir a dissidência foi particularmente notório na Síria, onde o governo, liderado por Bashar al-Assad, foi acusado de atacar civis com gás sarin em agosto do ano passado, matando supostamente mais de 1.400 civis, entre eles 426 crianças.

Também foi mencionada a violação de direitos trabalhistas em países como o Bangladesh, onde mais de 1.000 trabalhadores morreram devido ao desabamento de um prédio onde ficava uma fábrica, em abril.

As condições de trabalho em outras nações, como nas minas de ouro da Nigéria, e o tratamento dado aos imigrantes no Golfo Pérsico também foram criticados.