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Premiê pede a rival que volte à Turquia após 2ª gravação comprometedora

Durante um comício em Burdur, Erdogan citou diretamente pela primeira vez o ex-aliado e o desafiou a enfrentá-lo nas eleições municipais de março

Ancara - O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan convidou nesta quinta-feira (27/2) o líder muçulmano Fetulah Gulen, a quem acusa de conspirar contra seu governo, a retornar à Turquia, após a divulgação de uma segunda gravação comprometedora. Durante um comício em Burdur (oeste), Erdogan citou diretamente pela primeira vez o ex-aliado e o desafiou a enfrentá-lo nas eleições municipais de 30 de março.

[SAIBAMAIS]"Hodja (o que ensina o Corão), se não tem nada a esconder, volte para sua pátria e entre na política", disse. "Faça política, mas não se comprometa em ações provocadoras que poderiam ameaçar a segurança nacional e a estabilidade da Turquia", completou o chefe de Governo. Desde a operação contra dezenas de pessoas ligadas ao governo e suspeitas de corrupção em 17 de dezembro, Erdogan acusou em várias ocasiões o grupo de Gulen, que durante muito tempo foi seu aliado, de manipular a polícia e a justiça para desestabilizar o Executivo antes das municipais e da eleição presidencial, prevista para agosto.


Gulen vive na Pensilvânia, Estados Unidos, onde se exilou em 1999 para escapar de problemas judiciais na Turquia. O novo discurso de Erdogan foi feito após a divulgação, na quarta-feira à noite, de uma segunda conversa telefônica comprometedora. No áudio, que não teve a autenticidade confirmada por uma fonte independente, o primeiro-ministro pede ao filho Bilal que rejeite a quantia de 10 milhões de dólares proposta por um empresário, por considerar o valor insuficiente.

"Não aceite", afirma o interlocutor apresentado como Erdogan, "e sobretudo não se preocupe, você verá que ele terminará por pagar o que foi prometido". Uma primeira conversa telefônica comprometedora supostamente entre o primeiro-ministro e seu filho foi divulgada na segunda-feira na internet e abalou o país. A oposição pediu a renúncia de Erdogan e milhares de pessoas protestaram contra a corrupção do regime islamita-conservador, no poder desde 2002.