Giglio Island - O capitão do "Costa Concordia", Francesco Schettino, subiu novamente em seu navio nesta quinta-feira (27/2) no porto da Ilha de Giglio, mais de dois anos depois de tê-lo abandonado durante o naufrágio que deixou 32 mortos. Schettino, de óculos escuros e casaco de couro, chegou de carro ao porto. Depois entrou com seu advogado, Domenico Pepe, em um hotel onde era realizada uma reunião preliminar sobre a inspeção do barco, à qual foi autorizado a participar.
[SAIBAMAIS]O capitão chegou na noite de terça-feira à pequena ilha toscana. Uma vez ali, se refugiou com seu advogado em uma casa branca da parte alta do porto. Schettino foi processado por homicídios múltiplos por imprudência, abandono de navio e danos causados ao meio ambiente. Em declarações citadas pela imprensa italiana, o comandante, chamado por alguns de "capitão covarde", desmentiu ter chorado ao ver os restos do barco. "Querem me fazer passar por um fraco, como há dois anos. Mas não sou assim. Quero demonstrar que não sou um covarde", disse.
Durante o naufrágio, na noite de 13 de janeiro de 2012, um oficial da capitania do porto de Livorno (centro), o capitão Gregorio de Falco, havia ordenado que Schettino voltasse a sua embarcação, que havia abandonado enquanto ocorriam as operações para socorrer os muitos passageiros. "Volte a bordo, ;cazzo;", gritou, utilizando um palavrão em italiano. A gravação desta conversa foi divulgada no mundo inteiro.
Já Schettino afirma que caiu em um bote salva-vidas e que ficou no cais para "coordenar as operações de socorro". "O que mais marcou a ilha foi justamente quando Schettino deixou o barco na noite do acidente", comentou à AFP o prefeito de Giglio, Sergio Ortelli. "Nós, mais que os dois dias de sua presença na ilha, o que nos interessa são os dois anos de operações de salvamento do navio, que esperamos que terminarão o quanto antes, com uma previsão de retirada no fim de junho", afirmou o prefeito. "Esta ilha quer recuperar sua vida normal, o turismo", destacou.
O responsável pela extraordinária operação para erguer o cruzeiro de luxo em setembro, Nick Sloane, que também estava na ilha nesta quinta-feira, confirmou que o prazo para tirar a enorme embarcação "continua sendo no fim de junho, se as condições meteorológicas permitirem". A justiça autorizou Schettino a comparecer à segunda visita de especialistas ao barco, para examinar o gerador de emergência e o elevador. Mas o fará "enquanto acusado, e não como consultor" e, portanto, "não poderá intervir", declarou o juiz.
Uma primeira visita de especialistas, no dia 23 de janeiro, terminou com a apreensão de dois computadores que estavam na sala de comando. Na noite de 13 de janeiro de 2012, o "Costa Concordia", com 4.229 pessoas a bordo, entre elas 3.200 turistas, navegou muito perto da costa e se chocou contra os arrecifes, o que provocou seu naufrágio.