Kano - Supostos membros do grupo islamista Boko Haram atacaram um dormitório de um colégio do ensino secundário na região nordeste da Nigéria e mataram 43 pessoas, quase todos alunos.
Segundo o exército e a polícia, os insurgentes atacaram o Colégio Federal da cidade de Buni Yadi, onde estudam alunos com idades entre 11 e 18 anos. O ataque lembra o cometido no ano passado também no estado de Yobe, em que dezenas de alunos morreram.
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"O ataque no colégio Buni Yadi aconteceu às duas da manhã", declarou o porta-voz regional do exército, Lazarus Eli.
Tudo parece indicar que os criminosos lançaram explosivos contra o internato, abriram fogo nos quartos e mataram algumas vítimas com armas brancas, segundo informações não confirmadas oficialmente.
"As ambulâncias trouxeram corpos do Colégio Federal da cidade de Buni Yadi. Até o momento, 43 corpos foram levados ao necrotério", afirmou, sob condição de anonimato, um médico do hospital de Damaturu, a capital do estado de Yobe.
Ele acrescentou que apenas meninos foram assassinados e que as meninas foram, aparentemente, poupadas.
Inicialmente, o chefe de polícia do estado, Sanusi Rufai, divulgou um balanço de 29 mortos, mas ainda não sabia se todas as vítimas eram alunos do estabelecimento, que fica a 60 km de Damaturu.
O Boko Haram, cujo nome significa "a educação ocidental é um pecado", atacou várias escolas do norte da Nigéria desde o início da insurreição em 2009.
Em setembro do ano passado, 40 alunos foram mortos em um colégio agrícola da cidade de Gujba.
Yobe é um dos três estados do noroeste da Nigéria mais atingidos pela insurreição do Boko Haram, que fez milhares de mortos desde 2009.
A Nigéria está em estado de emergência desde que o exército lançou uma operação contra esses insurgentes islamitas.
Em 15 de fevereiro, 106 pessoas, entre elas uma idosa, foram mortas por combatentes do Boko Haram em Izghe, cidade do estado de Borno, vizinho de Yobe.
O Boko Haram diz lutar pela instauração de um Estado islâmico no norte da Nigéria, uma região de maioria muçulmana.
Um habitante de Damaturu, Babagoni Musa, contou ter visto quatro ambulâncias passar por sua loja na estrada de Buni Yadi.
[SAIBAMAIS]"Havia galhos de árvores presos no teto, este é um sinal para indicar que há um cadáver no veículo".
Famílias de alunos do colégio de Buni Yadi se reuniram ao redor do necrotério do hospital de Damaturu, procurando informações sobre seus filhos.
O exército precisou assumir o controle do prédio para restaurar a calma, de acordo com um funcionário do hospital.
Em um vídeo recente, o líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, prometeu continuar a campanha de ataques do grupo e ameaçou espalhar o medo pela região petrolífera do sul da Nigéria, predominantemente cristã.
Um duro golpe para este setor estratégico da economia do país aumentaria a pressão sobre o presidente Goodluck Jonathan, já criticado por sua falta de sucesso contra a insurgência islâmica.
Segunda-feira (24/2), ele defendeu as ações de seu governo e garantiu que tudo o possível seria feito para melhor proteger os civis e seus bens. Ele também renovou sua chamada para Boko Haram para depor as armas e iniciar negociações.