"Esperto todos na praça Alfredo Sadel (zona leste de Caracas). Às 10 AM caminharemos até a embaixada de Cuba", escreveu a líder estudantil da Universidade dos Andes, Gaby Arellano, no Twitter.
Na segunda-feira foram registrados protestos nas cidades de San Cristobal, perto da fronteira com a Colômbia, e na zona leste de Caracas, onde os manifestantes queimaram pneus e formaram barricadas para impedir o trânsito em algumas avenidas.
Na praça Altamira de Caracas, um grupo de manifestantes que bloqueava algumas avenidas enfrentou a militarizada Guarda Nacional Bolivariana (GNB), que usou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar o protesto.
A procuradora-geral, Luisa Ortega, admitiu que 12 denúncias de violações aos direitos fundamentais nas três semanas de protestos estão sendo investigadas. A violência deixou 14 mortos, mais de de 140 feridos e 45 detidos. Os manifestantes protestam contra a insegurança, a inflação, a escassez de produtos básicos e contra a detenção de vários companheiros.
- Maduro convoca governadores a diálogo de paz -
Maduro, herdeiro político do falecido presidente Hugo Chávez, participou na segunda-feira em uma reunião com prefeitos e governadores para preparar um diálogo nacional de paz, previsto para quarta-feira, mas o principal opositor venezuelano, Henrique Capriles, não compareceu ao encontro.
[SAIBAMAIS]
Capriles, governador do estado de Miranda e da ala moderada da opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), se negou a participar no encontro, segundo ele, como protesto pela "situação de violação dos direitos humanos e repressão" do país.
Mas Maduro afirmou estar "seguro que vão sair grandes acordos para o futuro da pátria". Ele pediu respeito à Constituição e entendimento.
O governador opositor do estado de Lara, Henri Falcón, pediu a Maduro a redução dos confrontos e que o governo reconheça que a Venezuela "vive uma crise econômica", com a escassez de alimentos e a inflação elevada.
Analistas duvidam do alcance do diálogo e muitos consideram que a convocação de Maduro é uma tentativa de ganhar tempo para aplacar os distúrbios.
- Farpas entre Washington e Caracas -
O governo dos Estados Unidos expressou preocupação com a situação no país e afirmou que está empenhado - junto com os aliados regionais - em promover a calma e um "diálogo genuíno" na Venezuela.
"Estamos preocupados e já deixamos claro que com nossos aliados regionais e a OEA trabalhamos para pedir calma e favorecer um diálogo genuíno entre todos os venezuelanos", disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
Para Carney, as autoridades venezuelanas deveriam "libertar imediatamente os manifestantes detidos e também suspender as restrições ao trabalho da imprensa independente e a divulgação de informações".
Entre os detidos está o líder opositor radical Leopoldo López, um dos incentivadores dos protestos nas ruas, que está em uma prisão militar há uma semana acusado de estimular a violência no país.
Maduro reagiu às declarações de Carney e anunciou que seu governo designará um embaixador em Washington para que revele a realidade na Venezuela.
"Eu vou designar o embaixador e vou dizer ao chanceler (Elías Jaua) que anuncie quem será o embaixador nos Estados Unidos", afirmou.
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Washington e Caracas não têm embaixadores desde 2010 e todas as tentativas de retomar as relações plenas fracassaram até o momento.
Segundo Maduro, nomear um novo embaixador tem como objetivo restaurar "a capacidade de diálogo com a sociedade americana para que saiba a verdade da Venezuela, porque estão acreditando que de verdade estamos nos matando (...) e estão pedindo intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela".
Na última semana, Maduro ordenou a expulsão de três diplomatas americanos, acusados pelo governo de conspirar ao lado dos movimentos estudantis de protesto.