Jornal Correio Braziliense

Mundo

Coreanos separados pela guerra têm momentos efêmeros de intimidade para

O encontro foi possível após duras negociações entre as autoridades de Seul e Pyongyang



Alguns idosos do sul também contaram que os parentes norte-coreanos afirmaram que a reunificação seria possível apenas após a saída dos soldados americanos do território sul-coreano.

Esta é a primeira reunião de famílias coreanas separadas pela guerra (1950-1953) desde 2010. O encontro foi possível após duras negociações entre as autoridades de Seul e Pyongyang.

A Coreia do Norte concordou com o encontro depois de ter exigido, sem sucesso, a anulação dos exercícios militares conjuntos da Coreia do Sul e dos Estados Unidos previstos para começar na próxima segunda-feira.



Os participantes, selecionados por sorteio, levaram aos parentes do Norte presentes, remédios, fotos da família.

Os anciãos também comentaram as fotos de família, feitas antes da divisão da península e depois. Muitos encontraram pela primeira vez os familiares do outro lado da fronteira.

A norte-coreana Lee Jung-Sil compareceu ao encontro com a esperança de ver a irmã mais velha, Lee Young-Sil, de 87 anos. Mas a sul-coreana, que sofre do mal de Alzheimer, não a reconheceu.

"Irmã mais velha, sou eu! Por quê não me escuta?", gritava Lee Sung-Sil.

Dos 125.000 sul-coreanos inscritos desde 1988 para participar no programa de reencontro familiar, 57.000 faleceram e muitos sobreviventes não têm mais condições de fazer a viagem.

No domingo, 88 norte-coreanos se reunirão com 361 familiares do Sul. O reencontro deve prosseguir até terça-feira.

Um passo adiante significativo

Sob pressão crescente dos Estados Unidos, que desejam a suspensão do programa nuclear norte-coreano, a China, principal aliado de Pyongyang, elogiou o reencontro das famílias, que segundo Pequim tem "grande importância".

"É um passo adiante significativo que vai no bom caminho", afirmou a porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Hua Chunying. Para ela, o evento favorece "a estabilidade e a paz na região".

Pouco depois do reencontro, sul-coreanos e norte-coreanos deverão separar-se no sábado, praticamente com a certeza de que não terão outra possibilidade de reunião.

"Será nossa primeira e última reunião", lamentou Kim Dong-nin, antes mesmo de viajar de Seul.

Em estado de confronto quase permanente, as duas Coreias seguem tecnicamente em guerra. Os países não assinaram um tratado de paz depois do armistício de 1953.