Tunes - O secretário de Estado americano John Kerry fez uma visita surpresa nesta terça-feira (18/2) à Tunísia para demonstrar seu apoio à transição democrática no país precursor da Primavera Árabe. Pouco depois de sua chegada, Kerry se reuniu com o presidente da República Moncef Marzouki, e posteriormente com o novo primeiro-ministro Mehdi Jomaa. "Estamos muito impressionados com os passos que foram dados, com o enfoque racional, reflexivo da transição", afirmou Kerry a Marzouki, felicitando o país pela adoção da nova Constituição em janeiro.
[SAIBAMAIS]Com sua visita, o chefe da diplomacia americana quer demonstrar "o contínuo apoio dos Estados Unidos ao povo e ao governo tunisianos e abordar os progressos da transição democrática na Tunísia", afirmou o porta-voz do departamento de Estado americano, Jen Psaki. A nova Constituição tunisiana, adotada no final de janeiro ao final de mais de dois anos de debates ásperos e crises políticas, entrou em vigor no último dia 10. No entanto, várias disposições da nova Constituição não podem entrar imediatamente em vigor, pois dependem da eleição de um novo Parlamento e de um novo presidente, e da formação de novas instituições, como a Corte Constitucional.
A Tunísia teve um ano de 2013 conturbado, marcado pelo assassinato de dois opositores de esquerda e pelas mortes de dezenas de soldados e guardas em ataques atribuídos a jihadistas. A adoção de uma nova Constituição, no dia 26 de janeiro - três anos depois da revolução-, e a formação de um governo sem orientação política definida para levar o país a eleições gerais marcaram o início de um processo de saída da crise. O partido islamita Ennahda venceu as primeiras eleições após a queda do presidente Zine el-Abidine Ben Ali, em janeiro de 2011. A Tunísia foi o berço da série de movimentos de contestação chamada de Primavera Árabe, que sacudiu vários países do Oriente Médio e do Norte da África, derrubando líderes autoritários que estavam há décadas no poder.
Mas a instabilidade política obrigou o governo nascido da revolução a entregar o poder nos termos de um acordo negociado a duras penas.