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Chefe e clérigo xiita chama primeiro-ministro iraquiano de tirano

O xiita pediu ainda que a população do Iraque participe das eleições legislativas previstas para ocorrerem daqui a dois meses

Agência France-Presse
postado em 18/02/2014 12:38
Bagdá - O influente chefe e clérigo xiita Moqtada Al-Sadr chamou nesta terça-feira (18/2) de tirano o primeiro-ministro iraquiano Nuri al Maliki e pediu aos iraquianos que participem nas eleições legislativas que ocorrerão daqui a dois meses. Sadr, que se dirigiu à nação em um discurso transmitido pela TV, parece querer manter um papel no cenário político iraquiano, apesar de ter anunciado sua retirada da vida política no domingo passado.

[SAIBAMAIS]"A política se converteu em uma porta aberta para a injustiça e a negligência, para os abusos e a humilhação por parte de um ditador e um tirano que controla os fundos para saqueá-los, controla as cidades para atacá-las e as comunidades para dividi-las", afirmou em seu discurso, referindo-se a Maliki. Além disso, pediu aos eleitores que compareçam em massa para votar nas legislativas e impedir que "o governo caia em mãos desonestas".



Reiterou que se afastou de seu movimento político, mas que "continua disponível para todo mundo". Al-Sadr anunciou no domingo sua retirada da vida política do país. Este anúncio do dirigente do movimento xiita mais popular do país, célebre devido a seu intenso combate contras as tropas americanas depois da invasão de 2003, pegou de surpresa seus partidários, e no momento ainda não se sabe que impacto isso terá na política iraquiana. "Anuncio que não vou interferir mais nos assuntos políticos e que não há um bloco que nos represente a partir de agora o governo ou no parlamento", afirmou Sadr em seu comunicado, fazendo uma alusão a sua corrente sadrista.

Moqtada Sadr, o chefe de uma milícia armada mais temida do país, é um crítico ferrenho do primeiro-ministro xiita Nuri al Maliki. Sadr argumentou em seu comunicado que a decisão se deve "à preservação da reputação honrada dos mártires da família Sadr", seu pai e outro parente mortos durante o regime de Saddam Hussein. Também explicou que seu gesto busca "por fim a qualquer corrupção no passado e que possa ocorrer no futuro" e que poderiam atentar contra sua reputação.

A corrente de Moqtada Sadr conta atualmente com 40 deputados no Parlamento, de um total de 325, incluindo o vice-presidente Qusai Abdel Wahab al Suhail, e seis ministros no governo. O líder continua gozando de imensa popularidade entre os xiitas pobres do Iraque e tem uma importante base política, depois de ter dirigido a milícia armada de 60.000 homens que combateram os americanos e, durante um período em 2008, contra as forças sob comando de Maliki. Apesar de ter dado seu apoio a Maliki em 2006 e em 2010 para dirigir o governo, no geral costumava criticá-lo.

Em várias oportunidades, denunciou a corrupção nas instituições políticas e seus ministros suspenderam, durante alguns meses, em 2013, sua participação no gabinete de governo. Chefe religioso, nascido nos anos 1970, sempre usa o turbante negro dos descendentes do Profeta Maomé e raramente aparece em público, preferindo evitar a imprensa. Viveu vários anos no Irã para seguir seus estudos religiosos.

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