Paris - O presidente francês, François Hollande, reuniu nesta segunda-feira (17/2) no Eliseu dezena de investidores internacionais para "oferecer" os atrativos da França, em um momento em que o capital foge dos altos impostos.
"Não temos medo do capital que vem investir na França, não queremos nos proteger", disse o presidente socialista ao final de um encontro com industriais e empresários.
[SAIBAMAIS]Na reunião, participaram líderes de 34 empresas que juntas somam 850 bilhões de euros em negócios e empregam 100 mil pessoas na França.
Presidentes de pesos pesados da indústria mundial como Volvo, Bosch, Siemens, Samsung, Intel, Nestlé ou General Electric estiveram presentes, assim como responsáveis de fundos kuwaitianos, cataris e chineses e empresas de países emergentes.
Suas expectativas são grandes, em particular em matéria de impostos, depois da taxa de 75% que foi imposta às empresas que pagam salários anuais superiores ao um milhão de euros e do imposto de sociedade que poderia chegar este ano à taxa recorde na Europa de 38%.
O primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, lembrou os esforços do governo socialista para fomentar a competitividade da economia francesa. "Reduzimos as cotas das empresas para ajudar a restabelecer seus lucros, a contratar e investir", disse.
Atualmente, segundo consultores da Ernst and Young, a França emite "sinais defensivos, inclusive refratários que preocupam os empresários e autoridades" e o compara com países como Alemanha e Grã-Bretanha, que em seu julgamento estão "melhor ancorados na globalização" e que são considerados como mais "flexíveis e competitivos".
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Em um pedido publicado dia 19 de dezembro no jornal econômico Les Echos, mais de meia centena de responsáveis de filiais estrangeiras instaladas na França (Coca-Cola, GE, Siemens, HP, Adecco...) informaram de suas crescentes dificuldades para convencer as matrizes a investir na França.
Segundo a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (CNUCED), os investimentos estrangeiros diretos caíram 77% no ano passado na França enquanto quintuplicaram na Alemanha. As cifras ainda provisórias podem ser submetidas ainda a "importantes correções", matiza o Eliseu.
Dez ministros foram convidados a este conselho, entre eles os titulares das Relações Exteriores, Economia, Interior, Indústria, Orçamento, Comércio Exterior ou Economia digital.
Iniciar uma dinâmica
"O objetivo é não ter tabus e dizer coisas sobre as forças e fragilidades da França", lembram no Eliseu onde se espera que este encontro inicie uma nova "dinâmica".
Para Hollande, que não cansa de alardear as vantagens da França em suas viagens ao exterior, "o primeiro desafio é atrair mais investidores dos países emergentes".
Esses representarão só "10% das decisões de investimentos" estrangeiras na França este ano, longe da Europa (75%).
O conselho falou do "mercado francês e de sua acessibilidade", "a fiscalização e a regulação" assim como a "inovação e o capital humano".
Hollande anunciou várias medidas: fusão da Agência Francesa de Investidores Internacionais e da UbiFrance (Agência Francesa para o Desenvolvimento Internacional das Empresas), criação de um "passaporte de talentos" para "receber melhor os inovadores e criadores", vistos de longa duração concedidos em 48 horas para os empresários e permissões de residência para estudantes e pesquisadores.
Também anunciou a simplificação em 2015 do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) que se aplica às empresas importadoras e a simplificação, antes do final do ano, dos procedimentos alfandegários para a importação e exportação.
Segundo as autoridades francesas, 20.000 empresas estrangeiras e suas filiais estão instaladas na França onde empregam milhões de trabalhadores. O Eliseu quer repetir essas reuniões a cada seis meses.