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EUA culpam o governo Assad de obstruir negociações sobre a Síria

Kerry pediu aos partidários de Assad que pressionem para a criação de um governo de transição, advetindo-os que deverão assumir a responsabilidade 'se o regime continuar com suas intransigências nas conversações e suas brutais táticas no terreno'

Washington - O secretário de Estado americano John Kerry culpou neste domingo (16/2) o regime do presidente sírio Bashar al Assad pela suspensão das negociações em Genebra entre as partes envolvidas no conflito civil nesse país.

"Nenhum de nós está surpreso que as conversações tenham sido difíceis e que fosse um momento difícil, mas todos estaremos de acordo que a obstrução do regime de Assad as tornou ainda mais difíceis", afirmou Kerry em um comunicado emitido em Washington.

O chefe da diplomacia americana se encontra atualmente em uma viagem pela Ásia.

Kerry pediu aos partidários de Assad que pressionem para a criação de um governo de transição, advetindo-os que deverão assumir a responsabilidade "se o regime continuar com suas intransigências nas conversações e suas brutais táticas no terreno".


[SAIBAMAIS]"Não há recesso para o sofrimento do povo sírio, e as partes e a comunidade internacional devem utilizar o recesso nas conversações de Genebra para determinar a melhor forma de usar esse tempo e a retomada para encontrar uma solução política para essa terrível guerra civil".

As negociações entre o governo sírio e a oposição, que estava bloqueadas há três semanas, foram suspensas no sábado em Genebra, sem que fosse marcada um data para seu reinício.

"Creio que é melhor que cada uma das partes se retire e reflita sobre suas responsabilidades e diga se quer que este processo continue ou não", declarou o mediador da ONU, Lakhdar Brahimi à imprensa.

O mediador pediu desculpas ao povo sírio pela ausência de progressos nas conversações. "Eu sinto muito", afirmou.

Brahimi enfatizou que, pelo menos, as duas partes chegaram a um acordo sobre os temas que serão abordados em uma terceira rodada, desde que esta seja realizada.

Dessa forma, numa possível terceira fase das negociações, serão discutidas a violência e o terrorismo, depois o governo interino e instituições nacionais e, por fim, a reconciliação nacional.

No entanto, Brahimi lamentou que os representantes do regime de Bashar al-Assad tenham se negado a aceitar sua proposta de falar da violência durante um dia, para depois falar da transição política, "o que levou a oposição a suspeitar que o governo não quer falar de forma alguma de uma autoridade governamental transitória".

Horas antes da suspensão das conversas, o presidente Barack Obama prometeu que os Estados Unidos pressionarão mais o presidente sírio para que melhore a situação humanitária na Síria.

Durante uma reunião com o rei Abdullah II da Jordânia, em Rancho Mirage, Califórnia, o presidente americano afirmou que solucionar a crise síria levará tempo.

"Não esperamos uma solução para isso em curto prazo", enfatizou. "Mas temos de tomar medidas imediatas para ajudar na situação humanitária", acrescentou.

"É preciso tomar medidas intermediárias para pressionar mais o regime de Al-Assad", disse ainda.

Mais de 140.000 pessoas morreram e milhões tiveram de fugir de suas casas desde que começou o conflito.

Um grupo de vigilância do conflito afirmou que mais de 5.000 pessoas morreram desde que tiveram inícios as conversações em 22 de janeiro.