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Manifestantes opositores e governistas voltam às ruas da Venezuela

O protesto governista, com enormes bandeiras nacionais e imagens do herói nacional Simón Bolívar e do presidente Hugo Chávez, foi convocado 'pela paz e contra o fascismo'



[SAIBAMAIS]O protesto governista, com enormes bandeiras nacionais e imagens do herói nacional Simón Bolívar e do presidente Hugo Chávez, foi convocado "pela paz e contra o fascismo".

O presidente Nicolás Maduro denunciou que os protestos opositores constituem um "golpe de Estado em desenvolvimento" contra seu governo, alegando que usou a força policial para impedir manifestações que não estejam autorizadas, assim como bloqueios das ruas.

Desde o começo de fevereiro, Caracas e outras cidades da Venezuela são cenário de protestos de estudantes e de opositores do governo para denunciar a insegurança, a inflação e a escassez de produtos no país.

Na quarta-feira, Dia da Juventude, aconteceram as maiores mobilizações, mas após os protestos, desencadearam-se confrontos de rua que deixaram três mortos, mais de 60 feridos e pelo menos 100 detidos.

A sombra de Alvaro Uribe

Maduro é o principal orador em um ato na avenida Bolívar. Diante da multidão, Maduro voltou a acusar a "ultradireita" opositora de promover a violência e um "golpe de Estado" para derrubá-lo.

O presidente justificou a decisão de tirar do ar, na quarta-feira, o canal colombiano NTN24 com o argumento de que, por trás dele, está a mão do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe. O NTN24 foi a única emissora a transmitir a marcha estudantil na íntegra.

Na noite de sexta-feira, manifestantes foram dispersados por guardas nacionais com bombas de gás lacrimogêneo e jatos d;água, depois de bloquearem duas movimentadas avenidas.

Nessa mesma hora, o presidente anunciava um plano de pacificação contra a violência na Venezuela, que inclui o desarmamento da população, uma maior vigilância policial e "normas claras para a televisão".

A oposição responsabiliza o governo pela violência da última quarta-feira e exige o desarmamento dos "grupos ilegais armados" do chavismo, os chamados "colectivos", após denúncias sobre a presença de seus integrantes, com armas de fogo, nas passeatas dos estudantes.

Depois dos incidentes, a Justiça venezuelana ordenou a detenção do líder do Vontade Popular, Leopoldo López, sob acusações de assassinato, entre outras.

"As forças de segurança do Estado estão procurando por ele", afirmou Maduro, em seu discurso.

López é um dos três dirigentes que promovem a ocupação das ruas sob o slogan "A saída", em oposição ao governo. O método divide a oposição, gerando reservas entre os dirigentes da Mesa de Unidade Democrática (MUD), incluindo o líder Henrique Capriles.