Kiev - As autoridades ucranianas anunciaram nesta sexta-feira (14/2) a libertação de todos os 234 manifestantes detidos em dois meses de protestos, mas sem abandonar as acusações contra eles, enquanto a oposição convocou uma nova mobilização para domingo. O procurador-geral ucraniano, Viktor Pchonka, fez esse anúncio em um comunicado.
Um dos líderes da oposição, Arseni Yatseniuk, que recebeu uma proposta para ser premier, ressaltou que poderia aceitar o convite apenas se a oposição obtivesse postos-chave no governo, e após uma reforma constitucional reduzindo os poderes presidenciais em benefício do governo e do Parlamento. Os debates em torno dessa reforma não avançaram.
Determinação intacta
Enquanto isso, os manifestantes não baixam a guarda. "Tudo está em calma no momento, mas se a polícia vier, vamos nos defender e a expulsaremos", disse Anna Lazarenko, de 20 anos, integrante de uma unidade de autodefesa na Maidan. A jovem encapuzada usa um capacete e está equipada com colete de proteção.
Na Prefeitura de Kiev ocupada, Ruslan Andreiko, de 27 anos, tem a mesma determinação. Ele é o "comandante" no local. "A única condição para deixarmos os locais é a renúncia do presidente (Viktor) Yanukovitch, seguida de uma eleição presidencial antecipada", disse. A crise estava no centro das discussões nesta sexta-feira em Moscou entre os ministros russo e alemão das Relações Exteriores.
O russo Serguei Lavrov acusou a União Europeia de tentar estender sua zona de "influência" à Ucrânia apoiando a oposição. O ministro alemão, Frank-Walter Steinmeier, respondeu que a crise na Ucrânia não é "um jogo de xadrez geopolítico" e ressaltou que "ninguém tem interesse no envenenamento da situação" na Ucrânia. A chanceler alemã, Angela Merkel, receberá na segunda-feira em Berlim os líderes da oposição Vitali Klitschko e Arseni Yatseniuk, anunciou um porta-voz do governo alemão.