Roma - Enrico Letta renunciou nesta sexta-feira ao cargo de primeiro-ministro da Itália, dez meses após sua chegada ao poder, para dar lugar a seu adversário Matteo Renzi. Letta "subiu" ao Quirinal, a colina onde esta localizada a sede da Presidência da República, às 12h (10h de Brasília) e, uma hora depois, o presidente Giorgio Napolitano recebeu a "renúncia irrevogável".
Não há previsão de eleições antecipadas, e ele espera receber o apoio de uma maioria de esquerda-direita semelhante à que apoiou Letta. A imprensa italiana manifestou preocupação com mais uma crise política no país, que tenta superar a crise econômica. Esta é a terceira mudança de governo na Itália sem que o premiê tenha o apoio das urnas.
Apesar do carisma e da energia do prefeito de Florença, ninguém consegue compreender porque o PD derrubou um governo formado há 293 dias por seu ex-número dois para substitui-lo pelo líder. Renzi tem defendido junto à direção de seu partido que a Itália deve "mudar de horizonte e de ritmo", anunciando "ambiciosas reformas". Mas ele nunca detalhou de que maneira pretende reunir dinheiro para relançar a economia italiana, reduzir os impostos à indústria e lutar contra um desemprego recorde, que chega a quase 40% entre os jovens.
"Pouco importa quem dirige o carro. Nosso problema é que há medidas a serem tomadas imediatamente", considerou Paola Malabaila, que foi a Roma para participar de um ;flash mob; como representante de 250 empresas com 9.000 funcionários da província de Asti, onde o PIB caiu 5,6% desde 2007 e a produção industrial 20%. A Bolsa reagiu de forma muito positiva à perspectiva de uma mudança de liderança, fechando em alta de 1,62 %, a 20.437 pontos.
E os jornais já começaram a fazer conjecturas sobre as próximas personalidades a ocupar o governo. Para a pasta da Economia, eles apostam na economista Lucrezia Reichlin ou em Lorenzo Bini Smaghi, ex-dirigente do BCE. Depois de formado o seu governo, Renzi deverá se apresentar ao Parlamento para um voto de confiança.