Mais de seis décadas de uma relação turbulenta começam a dar lugar a uma aproximação histórica entre a China comunista e a Ilha de Taiwan, de orientação capitalista. Pela primeira vez desde a guerra civil de 1949, autoridades de alto nível de Pequim e de Taipei se reuniram, ontem, em Nanquim, cidade importante para ambos os lados. Acompanhados de suas respectivas delegações, Wang Yu-Chi, ministro para Assuntos da China Continental em Taiwan, e Zhang Zhijun, diretor do Escritório Chinês para Assuntos Taiwaneses, discutiram maneiras de aprimorar o intercâmbio comercial e de estabelecer uma linha de comunicação frequente ao longo do Estreito de Taiwan. Os organizadores do encontro tiveram o cuidado de não colocar bandeiras na sala de audiências. Nas plaquetas de identificação, constavam apenas os nomes das autoridades, sem qualquer alusão a títulos ou a afiliações.
;Era impossível imaginar, no passado, que poderíamos nos sentar aqui e nos encontrar;, declarou Zhang. ;Nós, absolutamente, não podemos deixar as relações entre os dois lados serem turbulentas novamente. (;) Não podemos retroceder;, acrescentou. Por sua vez, o enviado de Taiwan adotou um discurso parecido. ;O fato de estarmos formalmente juntos (;) representa um novo capítulo para as relações através do Estreito de Taiwan, e é um dia que vale a pena registrar;, comentou Wang. Ele disse esperar que Zhang visite Taipei em um futuro próximo. Pouco antes do início da sessão de debates no turno vespertino, as duas autoridades trocaram um efusivo aperto de mãos, sob os holofotes da mídia internacional. A agenda de discussões não foi divulgada, mas esperava-se a abordagem da criação de escritórios de negócios, da integração econômica regional e do acesso ao atendimento médico para estudantes taiuaneses na China.
Foi uma reunião delicada. Para Pequim, Taiwan é uma província separatista, que adotou o nome República da China e incorporou Nanquim como capital histórica. De acordo com o governo dos EUA, os chineses mantêm 1,2 mil mísseis apontados para a ilha. ;O encontro ocorreu em um contexto de uma confiança mútua cada vez mais reforçada entre os dois lados;, admitiu ao Correio, por telefone, Yuhui Qu, conselheiro político da Embaixada da China no Brasil. Segundo ele, as primeiras negociações somente foram possíveis porque tiveram como base o Consenso Político de 1992, que determina a existência de uma única China. ;Tanto o governo da Ilha de Taiwan quanto o governo do continente chinês concordaram em respeitar esse princípio e em combater a tendência separatista. Isso pavimentou o caminho de um desenvolvimento pacífico para as relações;, explicou o diplomata chinês.
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