Teerã - O presidente iraniano Hassan Rohani pediu nesta terça-feira um diálogo "justo e construtivo" com as grandes potências, em seu discurso por ocasião do 35; aniversário da Revolução Islâmica, denunciando ao mesmo tempo a "ilusão" de uma ação militar contra o Irã em caso de fracasso diplomático. Ele também descartou qualquer abandono do programa nuclear do Irã, ressaltando que "o caminho (...) para o cume do progresso e da ciência, principalmente a tecnologia nuclear civil, continuará", enquanto que as negociações devem recomeçar em 18 de fevereiro para um acordo final e abrangente sobre a questão nuclear iraniana.
Hassan Rohani beneficia do apoio do aiatolá Khamenei para realizar essas negociações por intermédio de seu carismático chefe da diplomacia, Mohammad Javad Zarif. Mas este diálogo é denunciado pelos conservadores, que consideram exageradas as concessões feitas aos ocidentais.
[SAIBAMAIS]"Devemos questionar que alguns estão dispostos a vender a baixo preço a grandeza e o poder do Irã para acabar com a animosidade dos Estados Unidos", declarou Mohammad Ali Jafari, chefe da Guarda Revolucionária, a elite do exército do regime islâmico. Irã e Estados Unidos romperam relações diplomáticas em 1980, após a tomada de reféns na embaixada americana em Teerã por estudantes islâmicos.
O aiatolá Khamenei acusou recentemente as autoridades americanas de "mentir" ao dizer que não trabalhavam para uma mudança de regime no Irã. Nesta terça-feira, Hassan Rohani denunciou as recentes declarações do secretário de Estado americano, John Kerry, sobre opções militares "prontas e preparadas" se Teerã não cumprir o Acordo de Genebra.
"Digo claramente aos que têm a ilusão de que existe sobre a mesa a opção de uma ameaça contra nossa nação que devem mudar de óculos, porque a opção de uma ação militar contra o Irã não está sobre nenhuma mesa do mundo", declarou Rohani. Na segunda-feira, o Irã anunciou o teste bem sucedido de dois mísseis de nova geração, "com uma grande capacidade de destruição", segundo o ministro da Defesa iraniano Hossein Dehgan.
O Irã assegura que seu arsenal militar é dedicado unicamente à defesa de suas fronteiras e que não será utilizado em caso de ataque. Mas seu programa de mísseis balísticos, que inclui mísseis de um alcance de até 2.000 km capazes de atingir Israel, preocupa os países ocidentais e é alvo de várias condenações da ONU.