Damasco - A ONU se preparava nesta terça-feira (11/2) para retirar um novo grupo de civis sitiados há 20 meses na devastada cidade síria de Homs, num momento em que o regime e a oposição retomavam em Genebra suas difíceis negociações. Desde sexta-feira, segundo o Crescente Vermelho um total de 1.200 pessoas, em sua maioria crianças, mulheres e idosos saíram desta cidade considerada a "capital da revolução" e que pagou muito caro sua oposição ao regime de Bashar Al-Assad.
A Rússia, aliada de Damasco, considerou absolutamente inaceitável o projeto de resolução apresentado ao Conselho de Segurança da ONU sobre a situação humanitária na Síria, afirmou nesta terça-feira o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov. "As ideias que nos transmitiram (...) são absolutamente inaceitáveis e contêm um ultimato para o governo" sírio, acrescentou.
"O Conselho de Segurança deve prestar atenção a um aaspecto não menos importante (da crise): o aumento do terrorismo", afirmou o ministro russo. Vários países ocidentais tentaram na segunda-feira obter o acordo da Rússia para uma resolução sobre a situação humanitária na Síria.
Tínhamos fome
Os vídeos divulgados sobre as retiradas de Homs mostram dezenas de pessoas, entre elas muitas crianças, atravessando na segunda-feira uma rua devastada, carregando malas, enquanto os veículos da ONU se dirigem a toda velocidade em direção a elas. As imagens refletem o desamparo destes civis sitiados durante meses, em condições espantosas, alimentando-se apenas com azeitonas e ervas.
"Graças a Deus", diz um homem, com uma longa barba, ao rebelde que o filma. "Decidimos sair porque tínhamos fome". Os civis retirados são recebidos pelo Crescente Vermelho em um centro de acolhida, onde recebem atendimento médico. O Programa Mundial de Alimentos afirmou à AFP que havia enviado aos bairros sitiados, entre sexta-feira e domingo, 310 pacotes de alimentos e 1,5 tonelada de trigo, tornando "possível alimentar 1.550 pessoas durante um mês". Cerca de três mil pessoas estavam sitiadas na cidade velha de Homs antes do início da operação humanitária.