Poucas horas antes dos ataques desta quinta, congressistas americanos haviam criticado energicamente a política do primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, acusando o governante de alimentar a onda de atentados suicidas com a lentidão na reconciliação entre xiitas e sunitas.
Em várias oportunidades, especialistas e diplomatas estrangeiros destacaram o papel da insatisfação da comunidade xiita no aumento da violência. Somente em janeiro deste ano, os ataques já deixaram mais de mil mortos.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também fez um apelo às autoridades iraquianas para que trabalhem em favor de uma reconciliação nacional. A apenas dois meses para as eleições legislativas, o premier, o xiita Nuri al-Maliki, continua a aplicar a linha-dura.
O presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Representantes americana, representante Ed Royce, destacou na quarta-feira que os grupos extremistas armados sunitas se aproveitam do sentimento de "alienação" da minoria sunita, frente a um governo dominado pelos xiitas e que tem relações estreitas com seu vizinho Irã.
"A Al-Qaeda conseguiu explorar com talento a divisão confessional, e o duro controle do poder por parte de Al-Maliki deu a eles munição", denunciou Royce.
Os jihadistas do EIIL estão envolvidos em combates com as forças de segurança em Al-Anbar, uma província de maioria sunita ao oeste de Bagdá, localizada na fronteira com a Síria. Depois da invasão liderada pelos Estados Unidos ao Iraque em 2003, essa província se tornou um reduto da insurreição.
Desde o início de janeiro, integrantes do EIIL e de outros grupos armados, assim como combatentes das tribos contrárias ao governo, controlam a cidade de Fallujah e zonas de Ramadi - a 60 km e a 100 km de Bagdá, respectivamente.
As forças de segurança lançaram ofensivas e conseguiram reconquistar alguns bairros de Ramadi, mas permanecem, em sua maior parte, fora de Fallujah por medo de um banho de sangue em caso de intervenção.
Mais de 140 mil pessoas fugiram da violência na província de Al-Anbar, no maior deslocamento populacional nos últimos cinco anos no Iraque, segundo a ONU.