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Publicação de notas pessoais de João Paulo II provoca polêmica na Polônia

As reflexões teológicas de João Paulo II foram reunidas sob o título "Estou bem nas mãos de Deus

Varsóvia - Um livro contendo anotações pessoais de João Paulo II, que seu ex-secretário particular Stanislaw Dziwisz não queimou, contrariando a última vontade do papa, foi publicado nesta quarta-feira (5/2) na Polônia e levantou polêmica sobre a atitude de seu ex-assessor. Em seu testamento divulgado após sua morte em 2 de abril de 2005, o papa polonês pedia para que suas anotações pessoais fossem queimadas. Mas Dziwisz, atualmente cardeal e arcebispo de Cracóvia (sul da Polônia), decidiu manter os documentos e entregar parte das anotações à editora local Znak.



Segundo o padre Tadeusz Isakowicz-Zalewski, "a decisão sobre a publicação de notas pessoais do papa é prejudicial". "Esta é a violação de uma vontade. Ainda hoje, na cultura europeia, a última vontade é obrigatória", disse o padre em um site. Em resposta a seus críticos, Dziwisz assegurou que "as anotações e correspondência que deveriam ser queimadas foram queimadas, destruídas". No entanto, ele reconheceu que ainda tem outros manuscritos de João Paulo II.

A imprensa polonesa acusa o arcebispo de Cracóvia de rentabilizar a memória de João Paulo II, com a publicação de suas próprias memórias ou por distribuir as relíquias do futuro santo. Uma parte dos lucros da publicação das anotações pessoais do falecido papa será utilizada para financiar a construção de um Centro João Paulo II perto do Santuário da Divina Misericórdia em Lagiewniki , nos arredores de Cracóvia. Este centro terá como objetivo "imortalizar o imenso patrimônio" do papa polonês e de seu pontificado que durou 27 anos, de 1978 a 2005.

A canonização de João Paulo II, marcada para 27 de abril no Vaticano junto a do papa italiano João XXIII, que liderou a Igreja Católica entre 1958 e 1963, coincidirá com o 75; aniversário do cardeal Stanislaw Dziwisz. João Paulo II, primeiro papa polonês da história, conservador e muito popular em mais de cem países onde levou a palavra da Igreja Católica, será canonizado em tempo recorde, apenas nove anos depois de sua morte. Seu sucessor, o papa Bento XVI escolheu ignorar o período obrigatório de cinco anos para estabelecer a causa de beatificação (ele foi beatificado maio 2011 ) e de canonização de seu antecessor.