Ao assumir nesta segunda-feira (3/2) a diretoria-geral da Comundade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), a economista cabo-verdiana Georgina Mello disse que seu principal é sustentabilidade da comunidade lusófona, que está em processo de criação de um tecido econômico e social que a sustente.
Logo após a posse, Georgina ressaltou que pretende acrescentar a sustentabilidade ao que já existe, sobretudo nos três eixos da comunidade: a difusão da língua portuguesa, a cooperação e a concertação político-diplomática. "Falta aquilo que eu chamo sustentabilidade: criar um tecido econômico e social que suporte isso tudo, que transforme a CPLP naquilo que os cidadãos querem. Eles querem senti-la mais próxima, que lhes diga respeito", explicou Georgina.
Para ela, isso será feito intensificando-se a comunicação, a circulação de pessoas, de bens e de serviços, o comércio, os investimentos, as relações empresariais e o intercâmbio entre as organizações da sociedade civil. De acordo com a nova diretora da CPLP, esse processo depende da concretização do Estatuto do Cidadão Lusófono, algo que "não se tira da cartola", mas que se vai construindo pouco a pouco. De acordo com a economista, esse trabalho, que pode começar com programas de intercâmbio de jornalistas ou estudantes, dará segurança às instituições que fazem o controle das fronteiras. "Com isso, vamos alargando e, dentro de um determinado horizonte tempora, teremos o nosso estatuto", disse.
Dirigindo-se aos embaixadores dos Estados-membros da comunidade e aos funcionários do secretariado executivo da organização, Georgina lembrou que, ao criar a sustentabilidade, a CPLP ganhará maior visibilidade e mais credibilidade. Entre outras atividades, ela vai dirigir um grupo de trabalho encarregao pela secretaria executiva da entidade de repensar a visão da comunidade lusófona. "Precisamos de ter melhor qualidade de vida das populações, e isso consegue-se com mais emprego, mais empresa, mais comércio, mais investimento", disse ela.
Finalmente, Georgina Mello disse desejar que, no final do seu mandato de três anos, se possa dizer que a CPLP está mais próxima das populações. "Normalmente, nos nossos países, só ouvimos falar da CPLP quando há uma cúpula ou uma reunião de conselho de ministros. É uma coisa pontual. O que desejo é que, dentro de três anos, possa ouvir-se mais, independentemente de haver cimeiras e reuniões do conselho de ministros, mas porque aconteceram coisas na sociedade civil ou entre as empresas e as câmaras de comércio", destacou.
O diretor-geral da CPLP é recrutado entre cidadãos dos Estados-membros, mediante concurso público internacional, por um prazo de três anos, renovável uma vez, por igual período, por decisão do Comitê de Concertação Permanente. Criada em 1996, a CPLP é uma organização internacional com sede em Lisboa que junta oito países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.