WASHINGTON, 28 janeiro 2014 (AFP) - O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, suspeita que os Estados Unidos possam estar por trás de ataques insurgentes para minar seu governo, mas não tem provas que apoiem sua teoria, informou o jornal "The Washington Post" em sua edição desta terça-feira (28/1).
A relação de Karzai com Washington vem se deteriorando ao longo dos anos.
Karzai organizou uma lista de ataques, nos quais acredita que o governo dos Estados Unidos possam ter tido algum envolvimento, disse o "Post", citando funcionários afegãos que não tiveram sua identidade revelada.
[SAIBAMAIS]O presidente suspeita, inclusive, que os americanos possam estar por trás do ataque cometido este mês em um restaurante libanês frequentado por estrangeiros em Cabul, acrescentou o jornal, citando um funcionário da presidência.
Leia mais notícia em Mundo
A fonte do "Post" reconheceu, porém, que o governo não tem provas concretas da participação dos Estados Unidos em nenhum dos ataques. Em Cabul, o governo não quis comentar a matéria do jornal. Em Washington, funcionários americanos desconsideraram a notícia e, em privado, zombaram das acusações.
O presidente Karzai já protestou contra as operações militares dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que matou centenas de civis afegãos até o momento.
As tropas da Otan deverão deixar o país até dezembro deste ano. Se o acordo de segurança já negociado não for assinado, os Estados Unidos não poderão manter um contingente em menor escala no Afeganistão.
Segundo o "Washington Post", as suspeitas de Karzai poderiam explicar sua recusa a assinar o acordo com os Estados Unidos. O jornal também especula que o presidente afegão não quer aparecer como uma marionete de Washington, ou convencer os talibãs de que está pronto para negociar uma reconciliação.